Orixá
Ossain é a divindade das plantas medicinais e liturgia. Ele é um orixá
importantíssimo, pois nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença. Ele
detém todo conhecimento das plantas, suas utilizações e as palavras (ofo), cuja
força desperta seus poderes.
Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem
folhas não há orixá. Todo Orixá possui suas próprias Ewé (folha), mas somente
Ossain conhece os segredos de cada uma delas.
Ele é um grande sacerdote das
plantas, feiticeiro que através das plantas é capaz de realizar curas e
milagres. As ervas detêm a cura de todas as doenças físicas, emocionais e
espirituais.
Ele possui como símbolo uma haste de
ferro, que na extremidade possui um pássaro de ferro forjado, cercada por
outras seis hastes formando um leque para o alto. O pássaro é a representação
do poder de Ossain. É o seu mensageiro que vai a toda parte, volta e se
empoleira sobre a cabeça de Ossain para lhe fazer o seu relato.
Ossain traz a energia da cura e do equilíbrio
em todos os aspectos de nossas vidas. Ele é um Orixá solitário que vive nas matas
traz também a energia da introspecção e autorreflexão, pois não se cura aquilo
que se desconhece, para se curar é necessário saber a verdadeira raiz da
doença, seja ela física, emocional ou espiritual.
Itan:
Repartição das folhas entre os Orixás
Estas eram de sua propriedade e ele não as dava a
ninguém,
Um dia Xangô se queixou à sua mulher, Oiá-Iansã, senhora
dos ventos, de que somente Ossain conhecia o segredo de cada uma dessas folhas
e que os outros deuses estavam no mundo sem possuir nenhuma planta.
Oiá levantou suas saias e agitou-as impetuosamente.
Um vento violento começou a soprar.
Ossain guardava o segredo das ervas numa cabaça
pendurada num galho de árvore.
Quando viu que o vento havia soltado a cabaça e que
esta tinha se quebrado ao bater no chão, ele gritou: “Ewé O! Ewé O!” (Oh! As folhas! Oh! As folhas!)
Mas
não pôde impedir que os deuses as pegassem e as repartissem entre si.
Refletindo
sobre o Itan, podemos entender que o conhecimento existe para ser compartilhado
e multiplicado entre todas as pessoas, mas os segredos devem ser compartilhados
apenas para aqueles que conseguem mantê-lo. Ser Humilde e entender que somos eternos
aprendizes nos proporciona maturidade. O veneno e o remédio muitas vezes são
extraídos da mesma planta, o que os diferencia é o conhecimento sobre as
quantidades e dosagens de cada um deles. As vezes por falta de humildade, por
“achar” que sabemos coisas acabamos nos envenenando, acreditando que estamos
nos medicando. Ossain deixa a mensagem de humildade, de disciplina e busca pelo
conhecimento.
·
Cores: Verde e
Branco
·
Símbolos: Haste
ladeada por lanças com um pássaro no topo.
·
Elementos: Floresta
e Plantas selvagens (Terra).
·
Saudação: Ewé
ó! (Oh as folhas)
·
Oferendas: Fumo
com mel, ervilhas torradas, frutas doces, velas verdes ou brancas
Ewé
ó!
Minhas
mais humildes reverencias!
Juliane
Camargo
Bibliografia:
As
Cartas dos Orixás – Celina Fiovarani – São Paulo: Ed. Pensamento, 2009;
Mitologia
dos Orixás – Reginaldo Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001;
Notas
sobre o culto aos Orixás e Voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil e na
antiga costa dos escravos, na África – Pierre Verger – tradução: Carlos E.M
Moura – São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2012;
Tarô
dos Orixás – Ademir Barbosa Junior – Ed. Anubis, 2015;
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