8. Vou aprender a manter estas práticas
Isentas das máculas das oito preocupações mundanas,
E, ao compreender todos os fenômenos como ilusórios,
Serei libertado da escravidão do apego.
Porém, quais são eles ?
As 8 Preocupações Mundanas
Por Dzongsar Khyentse Rinpoche
O Buda disse:
Não confie na pessoa, mas confie nos ensinamentos.
Não confie nas palavras, mas confie no significado.
Este é um grande conselho. Quando entramos no caminho espiritual, é importante sermos muito cuidadosos.
Não confie na pessoa, mas confie nos ensinamentos.
Não confie nas palavras, mas confie no significado.
Este é um grande conselho. Quando entramos no caminho espiritual, é importante sermos muito cuidadosos.
Há duas abordagens básicas para o caminho espiritual. Idealmente, nossa intenção de praticar o caminho espiritual deve ser o atingimento da iluminação. É isso. Parada completa. Mas, por causa de nossos padrões habituais, há uma abordagem diferente, tanto no Oriente quanto no Ocidente.
No Oriente, o budismo tornou-se algo como uma religião. As pessoas praticam o budismo para obter vida longa, prosperidade, para melhorar seus negócios, por ganho pessoal, para dissipar certos espíritos e assim por diante. Então, as pessoas não têm a meta da iluminação. Eles têm a meta de decorar esta vida.
Não é melhor no Ocidente. No Ocidente, o Dharma também não é realmente dedicado à iluminação. Aqui, as pessoas praticam o Buddhadharma (ensinamentos do Buda) principalmente para se acalmarem, para se curarem, para relaxarem… para a assim chamada “auto-melhoria”.
O Buda não ensinou o Dharma para estes tipos de ganhos mundanos. Talvez pensemos, já que somos pessoas espirituais, não estamos procurando por ganhos materiais. Mas ainda estamos procurando por algum tipo de ganho mental. Queremos ter uma vida feliz. Ambos são considerados ganhos mundanos. Se tivermos esse tipo de motivação, o budismo é um caminho que devemos evitar.
O caminho budista é basicamente uma má notícia do ponto de vista do ego. Quanto mais praticamos e estudamos o budismo, mais chocante ele se torna para o nosso ego, mais ele irá contra o nosso egoísmo. Então, devemos pensar muito cuidadosamente sobre o que é que nós queremos. Não é muito tarde, ainda podemos sair dele.
Vamos falar sobre estes ganhos mundanos — pessoalmente, tenho muito deste problema. Atisha Dipankara, um dos maiores eruditos budistas da Índia, tinha um modo maravilhoso de colocar isto. Ele disse: “Oito coisas fazem uma pessoa ficar fraca”. Ele estava se referindo aos oito dharmas mundanos, ou oito armadilhas nas quais caímos:
1 - Querer ganhar;
2 -Não querer perder;
2 -Não querer perder;
3 - Querer ser reconhecido;
4 - Não querer ser ignorado.
4 - Não querer ser ignorado.
5 - Querer ser elogiado;
6 - Não querer ser criticado;
6 - Não querer ser criticado;
7 - Querer prazer;
8 - Não querer dor;
8 - Não querer dor;
Estes são muito importantes. Devemos memorizá-los, de modo que de tempos em tempos podemos verificar se estamos caindo em uma destas armadilhas, ou até mesmo em todas elas. Eu faço isso. Isso é o núcleo básico da minha prática, verificar se estou caindo em qualquer uma destas armadilhas. São fáceis de lembrar: elogio e crítica; ganho e perda; prazer e dor; reconhecimento e ser ignorado.
Então, devemos verificar se caímos em qualquer uma destas armadilhas. Eu caio em todas elas, especialmente na primeira, querer ser elogiado. Sempre gosto de ser elogiado, essa é a minha maior fraqueza. Estou certo de que isto acontece com muitos de nós; palavras pequenas, superficiais, inúteis e ridículas de louvor podem nos fazer realmente, realmente fracos. O mesmo acontece com a crítica; algumas palavras ridículas e insignificantes de crítica podem nos ferir para sempre.
Penso que todos vocês sabem do que estou falando: como gostamos de ganhar, como não gostamos de perder; o quanto amamos a atenção; o quanto não gostamos de ser ignorados… Todas estas são armadilhas. Se cairmos em uma destas armadilhas, nos tornaremos fracos.
Eu caio nestas oito armadilhas todo o tempo. Não quero perder amigos, quero ser louvado, não quero ser criticado, quero ganhar discípulos, quero ter atenção, não quero ser ignorado. Então, o que faço? A fim de obter o que quero e de evitar o que não quero, eu termino massageando o ego de outras pessoas.
Idealmente, se eu fosse um professor de verdade, eu deveria estar lhes dizendo o que vocês precisam ouvir, o que pode ser bem doloroso. Se eu realmente assumir seriamente o meu papel de amigo espiritual, isto irá ferir o seu ego. A linha de fundo é que o caminho espiritual é ir além do desejo do ego. Peço desculpas por dizer isto, mas este é o único caminho.
Então, se quisermos ser praticantes espirituais, se quisermos ser fortes, precisamos nos exercitar, por assim dizer. Atisha Dipankara nos dá um modo maravilhoso de treinar, chamado lojong. Lojong é uma palavra tibetana que significa “treinamento da mente”. O treinamento é basicamente lembrar de nos perguntarmos em qual destas armadilhas estamos caindo.
texto extraído do blog Budismo Petrópolis
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