Salubá Nanã
Essa
grande Orixá é a mais antiga divindade das águas, não das ondas turbulentas do
mar, como Iemanjá, ou das águas calmas dos rios, domínio de Oxum, mas das Águas
paradas dos lagos e lamacentas dos pântanos. Estas lembram as águas primordiais
que foram encontradas no mundo para a criação da terra.
Nanã
desenergiza as águas, apassivando-as, na linha das águas ela flui através da
corrente universal, que é passiva, apassivadora, racionalizante, aquietadora e
etc. Ela traz a energia da água e da terra, decanta os seres que estão
sobrecarregados de negatividade.
As
águas turbulentas dos rios em algum momento desembocam num lago, aquietando-se
momentaneamente, se decantarão todas as impurezas incorporadas no seu fluir
contínuo, permitindo que elas desçam até o fundo do lago, só assim, decantadas,
as águas serão úteis. Ela atua nos
espíritos que serão conduzidos ao reencarne, mas ainda se encontram muito
negativos, ela paralisa esse negativismo, prepara o espírito, para que a
reencarnação do mesmo seja possível. Ela atua diretamente na evolução e nos
carmas dos seres, ela que acompanha o reencarne e o desencarne, por isso também
é conhecida como Senhora da vida (lama primordial) e da morte (dissolução do
corpo físico na terra).
Os
lagos possuem a força absorvente, Nanã atua dessa forma, absorvendo as energias
densas mais profundas. Quando se adentra as energias de Nanã a pessoa recebe
grandes transformações em seus modos de agir e ser, pois ela absorve as partes
negativas do ser. O silêncio e a calma são primordiais, pois quem se aprofunda,
entende que é melhor observar muito antes de se manifestar sobre qualquer
situação.
Itan: Nanã
fornece a lama para a modelagem do homem
Dizem
que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o
Orixá tentou vários caminhos.
Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo,
pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De
pedra ainda a tentativa foi pior.
Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite,
água e até vinho de palma, e nada.
Foi então que Nanã Burucu veio em seu socorro.
Apontou para o fundo do lago com o seu Ibiri, seu
cetro e arma, e de lá retirou uma porção de lama. Nanã deu a porção de lama a
Oxalá, o barro do fundo da lagoa onde ela morava, a lama sob as águas, que é
Nanã.
Oxalá criou o homem, o modelou de barro. Com o sopro
de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixás povoou a terra.
Mas tem um dia que o homem morre e seu corpo tem que
retornar a terra, voltar a natureza de Nanã Burucu. Nanã deu a matéria no
começo, mas quer de volta no final tudo o que é seu.
Nanã
nos deixa a mensagem de calmaria, de mergulharmos profundamente dentro no nosso
ser para que as energias dela limpem e decante nossa parte negativa e nossos
carmas. Ela trabalha com as energias mais profundas que existem dentro de nós,
como uma grande sábia, ela mostra cada parte obscura que está sendo transmutada
dentro de cada um para termos consciência daquilo e aprendermos um novo padrão.
Ela é uma Orixá que proporciona curas profundas e grandes ensinamentos, devemos
nos conectar com ela quando precisamos de tranquilidade e sabedoria para nos
melhorarmos como pessoas.
·
Cores: Lilás e Branco
·
Saudação: Salubá Nanã (nos refugiamos em
Nanã)
·
Simbolos: Ibiri (bastão de hastes de
palmeira usado para afastar a morte)
·
Oferendas: Flores Lilás, alimentos que
dão embaixo da terra, incensos de flores, velas brancas ou lilás.
Saluba
Nanã!!
Minhas
mais humildes reverências!
Juliane
Camargo
Bibliografia:
As
Cartas dos Orixás – Celina Fiovarani – São Paulo: Ed. Pensamento, 2009;
As
Sete Linhas da Umbanda: A religião dos mistérios – Rubens Saraceni – São Paulo:
Ed. Madras, 2017
Mitologia
dos Orixás – Reginaldo Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001.
Notas
sobre o culto aos Orixás e Voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil e na
antiga costa dos escravos, na África – Pierre Verger – tradução: Carlos E.M
Moura – São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2012;
Umbanda
Sagrada: Religião, Ciência, Magia e Mistérios – Rubens Saraceni - São Paulo:
Ed. Madras, 2017;
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