segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O jogo dos 7 erros.

Tábua dos pecados capitais por Hieronymus Bosch 
  Em todas as estruturas sociais, sejam elas religiosas, místicas, cível, conjugal etc existem regras, explícitas ou não, um sistema que estimula algumas virtudes em detrimento a alguns vícios. Esse conjunto de diretrizes foram elaboradas, em muitos casos, baseados em conhecimento atemporal e imutável, louvando as atitudes e pensamentos positivos comumente aceito, como, caridade, compaixão, união, etc,  e dando a alcunha de pecado (na tradição ocidental) a atitudes como preguiça, raiva, mesquinhez, etc , atitudes essa que causam uma perturbação nas pessoas e no ambiente ao redor de maneira negativa, em muitos casos gerando dor e ou sofrimento para o praticante da ação ou o alvo dos atos.
São Tomás de Aquino
   Aqui neste blog ja tratamos dos quatro "inimigos" do homem de conhecimento (parte 1; parte 2) que são "vícios" , "pecados", ou "condições" no caminho daqueles que buscam a sabedoria, a elevação da alma, o despertar da consciência, do ponto de vista do universo dos livros de Carlos Castañeda baseado em conhecimentos xamânicos tradicionais de tempos ancestrais. Hoje falaremos um pouco sobre os sete pecados capitais, segundo o cristianismo. Essa lista foi elaborada com base em estudos anteriores a própria religião, se valendo de senso comum, observação, textos filosóficos, sem sua maioria gregos, e em tradições e conhecimentos judaicos (origem do cristianismo), são ditos capitais, pois são pecados raízes, aqueles que dão vazão para que outros aconteçam, é o estado de espirito em que a pessoa se encontra que a leva a outros erros mais concretos de fato (por exemplo, por ira matar, por inveja mentir, etc) uma forma de resumir e identificar estados que levam uma pessoa a não alcançar o "reino dos céus", no caso, capital vem da origem latina caput que significa cabeça, líder ou chefe.
   Sua lista definitiva, próxima do que conhecemos hoje, se deu no ano de  1273 com a suma teológica de São Tomás de Aquino, que revisou postulados anteriores como o estabelecido em 590 pelo papa Gregório I, que por sua vez se baseou em uma lista do século 4 de um monge grego, a lista do monge Evagrius Ponticus continham oito atitudes graves que o cristão poderia cometer: gula, fornicação, avareza, descrença, ira, desencorajamento, vanglória e soberba.
   Porém aquele que popularizou essa lista de maneira quase universal foi Dante Alighieri com sua divina comédia onde propunha, também, uma ordem para esses estados de consciência passando do mais distante de Deus até o menos distante, na ordem do mais brando até o mais ofensivo: LUXÚRIA, GULA, AVAREZA, PREGUIÇA, RAIVA, INVEJA e SOBERBA. Além disso categorizou inveja,raiva e soberba como pecados cometidos por amor pervertido, à insuficiência de amor ele conectou a preguiça e a luxúria,  gula e avareza com amor excessivo aos bens materiais.
Dante Alighieri
 Na bíblia, o livro mais lido e vendido no mundo, já alerta para algumas recomendações e proibições que envolvem, também os dez mandamentos, o capítulo 16 do livro dos Provérbios afirma: "Estas seis coisas aborrecem o Senhor, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, a língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina pensamentos viciosos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre os irmãos", o que seria quase que um embrião da lista ja constando no livro sagrado.  
 
    Desde então listas das mais diversas têm se multiplicado nos mais diferentes círculos, Mahatma Gandhi (ativista, advogado,politico e mestre espiritual indiano, famoso pela sua participação na independência de seu país) elaborou sua  lista com sete pecados sociais,são eles: comércio sem moralidade; ciência sem humanidade; colaboração sem sacrifício; prazer sem consciência e conhecimento sem caráter. Até o próprio vaticano no ano de 2008 pela figura do bispo Gianfranco Girotti divulgou uma lista dos sete pecados modernos, o que não exclui a lista clássica e serve apenas de direcionamento para repensar algumas atitudes de nosso tempo, segue a lista do bispo: poluição ao meio ambiente; manipulação genética; riqueza obscena; empobrecimento alheio; tráfico de drogas; experiências científicas amorais e violação aos direitos humanos.
   Aos espiritualistas e caminhantes que se propõem em estudar a fundo as verdades dos deuses  é sempre bom estar atento aos estados de espirito para que não "caia em pecado" ou seja , envenenado por um estado negativo aja e pense de forma igualmente negativa repelindo o bem e a cura que estão tentando lhe acessar, a lista cristã assim como tantas outras recomendações de diferentes religiões (como não se deixar levar pelas oito preocupações mundanas, no budismo) nos dão o direcionamento da melhor trilha a seguir e da maneira menos dolorosa a se caminhar, como a máxima cristã diz ORAI E VIGIAI todas as 24 hrs por dia.

A conexão entre homem e Deus

 

domingo, 16 de setembro de 2018

Amanhecer

Amanhecendo sob bola de fogo

Saudações polímatas!!!

Não sei se é de conhecimento de todos, mas nossa rotina começa bem cedo por aqui. As 6 da manhã já estamos trabalhando devido ao forte calor que faz por aqui e para todos ter uma noção do que estou dizendo, é só observar a foto que fiz do sol das 6h, uma enorme bola de fogo alaranjada no céu.

Todo trabalho realizado por nós é dividido em equipes. A primeira equipe é formada por nosso motoqueiro (Op. de motosserra) e o Sr. Francisco para localização de recursos no interior da floresta para construção da casa de feitio e a segunda equipe forma pelo seu Sr. Pedro e eu, onde estamos trabalhando na perfuração do nosso poço artesiano e fabricação de tijolos para construção da fornalha.

Quando estamos trabalhando no interior da floresta a temperatura é mais amena, porém, não menos quente do que se trabalhar no descampado onde estamos perfurando o poço. Na floresta temos a vantagem de estar cobertos pelas altas copas das arvores e pela humidade da floresta. Já no campo aberto não temos nenhum tipo de proteção além de nossas roupas e chapéus.
Na perfuração do poço, por ser feito manualmente trabalhamos com pequenas pausas para descanso e hidratação. Então o Sr. Pedro e eu devido ao forte calor trabalhamos por 2 horas por dia e depois seguimos para outras atividades aqui na obra.

Falta muito pouco para concluir a etapa de reunir todo o material que será utilizado na construção.
Falta muito pouco para o início da construção.
Por hoje é isso pessoal!!!

Fiquem todos ligados no blog para as novidades de nosso Templo do Acre, https://tpczs.blogspot.com
Meu nome é Gabriel Camargo e estarei trazendo as notícias diretamente de nossa jornada e do templo daqui de Cruzeiro do Sul/AC e do nosso querido Gurudeva Mahasurya.

Minhas mais humildes e sinceras reverências a toda Ordem Polimata.
Minhas mais humildes reverências a Ushanovos, Ioshins, Iripãn e Kokarpinochari.
Todas as Glórias à Sri Mahadeva, Sri Bhagavan e Sri Shakti Devi.  ki...
Todas as Glórias à Sri Guru Maharaj Mahacarya Mahasurya Pandit Swami.  ki....
Jay

sábado, 15 de setembro de 2018

Chegada em Terras Polimatas

CZS/Acre 06 de setembro de 2018

Chegada em terras Polimata
Conhecendo a comunidade local e início dos trabalhos.

Após uns dias de adaptação a cidade e ao clima local, finalmente cheguei em terras que por mim será chamada de “Sagradas”, nas terras onde será construído nosso Templo e nossa morada. Adaptado a cidade, agora foi a vez de familiarização com a comunidade local e a rotina diária de trabalho que estará por vir de hoje em diante.

Fui apresentado por nosso Gurudeva ao Sr. Francisco conhecido aqui na região por Tatu (Ele não gosta de ser chamado de Tatu) nosso capataz, uma pessoa muito simples, mas de muito bom coração e de muita vontade de trabalhar. Feita as apresentações... Já me fez trabalhar e eu de cara disse: “Opa!!! Bora lá” e fui logo pegando a maior motosserra que temos aqui e fomos cortar uma árvore caída imensa, toda oca com uma parede bem espessa para usar como cano de escoamento em casos das monções[G1]  e cheias no período de chuva por aqui na estrada.
Ritmo do Projeto Nawa / Gabriel Camargo

Cheguei aqui justamente as vésperas do dia em que a comunidade receberia o prefeito da cidade de Cruzeiro do Sul para tratar de questões de prioridade, entre elas está a questão da perfuração dos poços artesianos, Projeto idealizado por nosso Gurudeva através da ONG Nawa, possibilitando aos moradores de receber água potável em suas casas. Hoje pude comprovar por mim mesmo o quão sério é a questão de não se ter água potável por aqui! Toda água consumida na comunidade para beber, tomar banho, lavar roupas, utensílios domésticos e para cozinhar vem de igarapés existentes na região. Pude ver de perto a qualidade desta água e acreditem!!! Vocês não consumiriam desta água.

Na caída da noite, espetacular por sinal. Céu todo estrelado e sem nenhuma nuvem que atrapalhasse o visual cheio de estrelas, as constelações todas visíveis, Sr. Pedro, Sr. Francisco e eu saímos para visitar três famílias (na qual uma me chamou a atenção) para a formação da Associação de moradores a qual será de muita importância para toda comunidade do Ramal.

Uma família em questão são produtores de farinha de mandioca atividade econômica principal por aqui. Quando chegamos, nos deparamos com um casal na preparação da farinha. O marido estava removendo toda a umidade da mandioca através de um sistema de prensa bem rustico onde haviam 5 sacas de 50kg de mandioca separados um a um por ripas de madeira. Uma vez feito o processo de remoção da água, a mandioca triturada passara por mais algumas etapas (Detalharei isso futuramente em documentário em vídeo) até chegar no produto final e serem vendidas nas feiras da cidade.

Para o primeiro dia foi bem movimentado....
Conheci as terras “Sagradas”, pessoas simples e receptivas, iniciei meus trabalhos aqui e de quebra.... banho de rio!!! Não temos água nas casas ainda.
Por hoje é isso pessoal!!!

Fiquem todos ligados no blog para as novidades de nosso Templo do Acre.
Meu nome é Gabriel Camargo e estarei trazendo as notícias diretamente de nossa jornada e do templo daqui de Cruzeiro do Sul/AC e do nosso querido Gurudeva Mahasurya.

Minhas mais humildes e sinceras reverências a toda Ordem Polimata.
Minhas mais humildes reverências a Ushanovos, Ioshins, Iripãn e Kokarpinochari.
Todas as Glórias à Sri Mahadeva, Sri Bhagavan e Sri Shakti Devi.  ki...
Todas as Glórias à Sri Guru Maharaj Mahacarya Mahasurya Pandit Swami.  ki....
Jay

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

śrī mahākālī - श्रीमहाकाली

कृष्णमातृ
Kṛṣṇamātṛ, a mãe escura


Śrī Kālī.


O "conceito de Kālī" é mais antigo do que o nome e a figura que conhecemos atualmente. Na região do vale do  já extinto rio Sarasvatī, há registros de um conceito de conflito da dualidade entre o selvagem e o domado há mais de 4.000 anos.

Nos textos védicos, enxergamos referências de 
Śrī Kālī em Nirṛti – "aquela que destrói ṛti”, os ritmos usuais da natureza. É a ancestral deusa escura como carvão e descabelada que personifica o desconforto da humanidade diante da face obscura da Natureza.

Ligada à direção do sul, menos auspiciosa, tradicionalmente identificada com Yama, deus da morte, é indicada como uma das versões “primitivas” de Śrī Kālī, que possui uma representação registrada posteriormente como Dakṣiṇakālī  (que pode ser livremente traduzido como “a que vem do sul”).

Referências sobre Sua origem também foram registradas nas Upaniṣads e relacionam-Na uma das sete línguas de Śrī Agni, deus do fogo, que atua nos campos de cremação.

O Liṅga e o Skanda Purāṇas relatam o episódio em que Śrī Śiva pede pela intervenção de Śrī Pārvatī para matar um demônio, Daruka, que só poderia ser derrotado por uma mulher. Assim, Ela entra no corpo do Senhor Mahādeva, ingerindo um veneno que repousava em sua garganta e transforma-se em Bhadrakālī (literalmente, “Boa Kālī”). Após sua vitória, ainda intoxicada com o veneno e todo o sangue consumido, a Senhora da Escuridão teve de ser acalmada por seu Companheiro, que se coloca sob seus pés, conforme conhecida iconografia.

No śaktismo tântrico, é Ādimahāvidyā, a deidade presidente de um grupo de dez deusas, expansões de sua Natureza Última, e que representam diferentes aspectos da sabedoria divina, Daśamahāvidyā (algo como “as dez faces do grande conhecimento”):

·    Kālī: O Brahman Supremo, nirguṇa (que transcende qualidades e formas), o implacável tempo, que tudo devora;
·      Tārā: aquela que guia através das dificuldades;
·      Tripura Sundarī: a amável senhora dos três mundos;
·      Bhuvaneśvarī: a mãe suprema cujo corpo é o próprio Cosmos;
·      Chhinnamastā: a deusa que se auto-decapita (que alimenta e elimina o ego);
·      Bhairavī: a deusa feroz das muitas formas;
·      Dhūmāvatī: a viúva inauspiciosa, a pobreza personificada;
·      Bagalamukī: paralisadora de inimigos, que detém o poder da palavra;
·      Mātaṅgī: aquela que não possui casta, acessível aos “sujos”;
·      Kamalā: a auspiciosa deusa do lótus – Śrī Lakṣmī.

Daśamahāvidyās. 

Todavia, o mistério de Śrī Kālī simultaneamente transcende e envolve todas as diferentes visões sobre sua origem.

No macrocosmos, Mahākālī é a potência feminina do tempo (kāla), que move o universo manifesto e tudo devora, e que ensina ao sādhaka(caminhante espiritual) que é somente o medo da morte o que o faz mortal. No microcosmos do corpo humano, é kuṇḍalinī śakti, a essência do alento prāṇico que dá vida à matéria, e que conecta o sādhaka à sua verdadeira natureza transcendental.

Como Dakṣiṇakālī, controla a maré de destruição que varre toda a existência, em um ato de puro discernimento divino, e que prepara o terreno para a toda a auspiciosidade trazida pela benevolente Bhadrakālī, aquela que destrói para criar através do Amor Divino, sobre o cadáver (śava) de Śrī Śiva.

A Escura Mãe (“Dark Mother”, como é popularmente conhecida em inglês) é a eterna energia da evolução, cujas ações gradualmente manifestam as possibilidades divinas. Demonstra que as sucessivas mortes são o caminho para a imortalidade, e que sua escuridão é o momento que precede a aurora.

Implacável e destemida, é Cāmuṇḍā, a guerreira invencível, a noite personificada. Sua nudez reflete a própria Natureza em sua essência primordial, livre de qualquer ilusão e apego. É a dissolução da dualidade entre a mais elevada forma de luz, personificando o verdadeiro Dharma, e a mais absoluta escuridão, de onde tudo emana e onde tudo se dissolve.

As cinquenta e duas cabeças em sua guirlanda representam as letras do alfabeto sânscrito, simbolizando sua sabedoria e onipotência, que reside em sua identificação mútua como Parāśakti, a mais elevada potência criativa divina, que manifesta o universo em sua totalidade, e Parāvāk, a mais elevada palavra divina, fonte de toda a linguagem universal.

Seu cinto de braços humanos decepados é o símbolo da ação do karman, pois é ela quem abençoa seus devotos cortando-os do ciclo de nascimentos e mortes. A espada ensanguentada é a força da Compreensão Divina que corta a ignorância (o ego humano distorcido), representada pela cabeça decepada.  As mudrās emanam seus principais atributos, varada (a benevolência) e abhaya (o destemor).

A morada de Śrī Kālī é śmāsana (o campo de cremação), onde ela dança e a manifestação se dissolve. Lá também são dissipados os medos e apegos, a ira, a luxúria, os mais profundos sentimentos que enredam a alma aos grilhões da avidyā (“o conhecimento espiritual equivocado”). Śmāsana está no coração de seu devoto, que lá queima suas limitações e sua ignorância, sob a outorga da Grande Mãe Divina.

Ela se põe sobre o corpo de seu consorte pois sua refulgência coloca-o como o potencial passivo da criação. Śrī Kālikā é ninguém menos do que Śakti, a universal força feminina criadora, ativa. É a letra “i” no nome de Śrī Śiva, o que o diferencia de śava, um corpo sem vida.

Assim, o processo devocional polimata em honra à Śrī Durgā e Śrī Mahākālī reflete a dissolução das dualidades – pois ensinam que a mesma força que destrói e ilude é a potência que constrói e liberta – e a destruição de nossas tendências negativas, onde o triunfo sobre a mente representa a vitória das manifestações divinas face aos demônios da ignorância.

Śrī Śmāsanakālī.
श्रीमहाकाली
śrī mahākālī

गायत्री  
gāyatrī

ॐ कालिकायै विद्महे
श्मशानवासिन्यै धीमहि ।
तन्नो काली प्रचोदयात् ॥

oṃ mahā-kālyai ca vidmahe
śmaśāna-vāsinyai ca dhīmahi 
tanno kālī pracodayāt 

“Contemplamos Aquela que é o tempo e a escuridão
Meditamos n’Aquela que reside nos crematórios
Reverenciamo-nos Àquela que possui cor escura / que devora tudo como o tempo, para que nos ilumine com sabedoria.”

दक्षिणकालिका बीजमन्त्र
dakṣiṇakālikā bījamantra

ॐ क्रीं क्रीं क्रीं हूं हूं ह्रीं ह्रीं दक्षिणे कालिके ।
क्रीं क्रीं क्रीं हूं हूं ह्रीं ह्रीं स्वाहा ॥


oṃ krīṃ krīṃ krīm hūṃ hūṃ hrīm hrīm dakṣiṇē kālike
krīṃ krīṃ krīṃ hūṃ hūṃ hrīṃ hrīṃ svāhā


“Aquela que move o corpo sutil à Infinita Perfeição e além, corte-me o ego!
Ofereço minhas oblações à Mãe que dissolve a escuridão através da Potência Divina,  que move o corpo sutil à Infinita Perfeição e além, corte-me o ego!”

fonte: http://ashramdoacarya.blogspot.com/2018/09/navaratri-satsangas-sri-durga-e-sri.html por Yuri D. Wolf