quinta-feira, 25 de julho de 2019

As 8 Preocupações Mundanas

    Dando sequência a postagem sobre OS 8 VERSOS QUE TRANSFORMAM A MENTE,(para quem não leu recomendo, intensamente, que leiam!), hoje daremos uma atenção maior aos 8 ventos mundanos (ou as 8 preocupações mundanas), no último tópico do Lojong Tsigyema nos comprometemos a manter nossa prática isenta das preocupações mundanas:

 8. Vou aprender a manter estas práticas
Isentas das máculas das oito preocupações mundanas,
E, ao compreender todos os fenômenos como ilusórios,
Serei libertado da escravidão do apego.

Porém, quais são eles 
                                         

As 8 Preocupações Mundanas
Por Dzongsar Khyentse Rinpoche

O Buda disse:
Não confie na pessoa, mas confie nos ensinamentos.
Não confie nas palavras, mas confie no significado.
Este é um grande conselho. Quando entramos no caminho espiritual, é importante sermos muito cuidadosos.
Há duas abordagens básicas para o caminho espiritual. Idealmente, nossa intenção de praticar o caminho espiritual deve ser o atingimento da iluminação. É isso. Parada completa. Mas, por causa de nossos padrões habituais, há uma abordagem diferente, tanto no Oriente quanto no Ocidente.
No Oriente, o budismo tornou-se algo como uma religião. As pessoas praticam o budismo para obter vida longa, prosperidade, para melhorar seus negócios, por ganho pessoal, para dissipar certos espíritos e assim por diante. Então, as pessoas não têm a meta da iluminação. Eles têm a meta de decorar esta vida.
Não é melhor no Ocidente. No Ocidente, o Dharma também não é realmente dedicado à iluminação. Aqui, as pessoas praticam o Buddhadharma (ensinamentos do Buda) principalmente para se acalmarem, para se curarem, para relaxarem… para a assim chamada “auto-melhoria”.
O Buda não ensinou o Dharma para estes tipos de ganhos mundanos. Talvez pensemos, já que somos pessoas espirituais, não estamos procurando por ganhos materiais. Mas ainda estamos procurando por algum tipo de ganho mental. Queremos ter uma vida feliz. Ambos são considerados ganhos mundanos. Se tivermos esse tipo de motivação, o budismo é um caminho que devemos evitar.
O caminho budista é basicamente uma má notícia do ponto de vista do ego. Quanto mais praticamos e estudamos o budismo, mais chocante ele se torna para o nosso ego, mais ele irá contra o nosso egoísmo. Então, devemos pensar muito cuidadosamente sobre o que é que nós queremos. Não é muito tarde, ainda podemos sair dele.
Vamos falar sobre estes ganhos mundanos — pessoalmente, tenho muito deste problema. Atisha Dipankara, um dos maiores eruditos budistas da Índia, tinha um modo maravilhoso de colocar isto. Ele disse: “Oito coisas fazem uma pessoa ficar fraca”. Ele estava se referindo aos oito dharmas mundanos, ou oito armadilhas nas quais caímos:
1 - Querer ganhar;
2 -Não querer perder;
3 - Querer ser reconhecido;
4 - Não querer ser ignorado.
5 - Querer ser elogiado;
6 - Não querer ser criticado;
7 - Querer prazer;
8 - Não querer dor;
Estes são muito importantes. Devemos memorizá-los, de modo que de tempos em tempos podemos verificar se estamos caindo em uma destas armadilhas, ou até mesmo em todas elas. Eu faço isso. Isso é o núcleo básico da minha prática, verificar se estou caindo em qualquer uma destas armadilhas. São fáceis de lembrar: elogio e crítica; ganho e perda; prazer e dor; reconhecimento e ser ignorado.
Então, devemos verificar se caímos em qualquer uma destas armadilhas. Eu caio em todas elas, especialmente na primeira, querer ser elogiado. Sempre gosto de ser elogiado, essa é a minha maior fraqueza. Estou certo de que isto acontece com muitos de nós; palavras pequenas, superficiais, inúteis e ridículas de louvor podem nos fazer realmente, realmente fracos. O mesmo acontece com a crítica; algumas palavras ridículas e insignificantes de crítica podem nos ferir para sempre.
Penso que todos vocês sabem do que estou falando: como gostamos de ganhar, como não gostamos de perder; o quanto amamos a atenção; o quanto não gostamos de ser ignorados… Todas estas são armadilhas. Se cairmos em uma destas armadilhas, nos tornaremos fracos.
Eu caio nestas oito armadilhas todo o tempo. Não quero perder amigos, quero ser louvado, não quero ser criticado, quero ganhar discípulos, quero ter atenção, não quero ser ignorado. Então, o que faço? A fim de obter o que quero e de evitar o que não quero, eu termino massageando o ego de outras pessoas.
Idealmente, se eu fosse um professor de verdade, eu deveria estar lhes dizendo o que vocês precisam ouvir, o que pode ser bem doloroso. Se eu realmente assumir seriamente o meu papel de amigo espiritual, isto irá ferir o seu ego. A linha de fundo é que o caminho espiritual é ir além do desejo do ego. Peço desculpas por dizer isto, mas este é o único caminho.
Então, se quisermos ser praticantes espirituais, se quisermos ser fortes, precisamos nos exercitar, por assim dizer. Atisha Dipankara nos dá um modo maravilhoso de treinar, chamado lojong. Lojong é uma palavra tibetana que significa “treinamento da mente”. O treinamento é basicamente lembrar de nos perguntarmos em qual destas armadilhas estamos caindo.

texto extraído do blog Budismo Petrópolis

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Nanã Buroquê a mais antiga Divindade das Águas!


Salubá Nanã


            Nanã no sincretismo é Nossa Senhora Santana, ela está ligada com a criação da terra e associada a figura de uma Orixá idosa ou avó.  A menção de avó vem por ela ser muito sábia e respeitada dentre os Orixás, ela é amorosa, acolhedora, sempre paciente com nossas imperfeições e orienta quando não sabemos qual caminho seguir.
Essa grande Orixá é a mais antiga divindade das águas, não das ondas turbulentas do mar, como Iemanjá, ou das águas calmas dos rios, domínio de Oxum, mas das Águas paradas dos lagos e lamacentas dos pântanos. Estas lembram as águas primordiais que foram encontradas no mundo para a criação da terra.
Nanã desenergiza as águas, apassivando-as, na linha das águas ela flui através da corrente universal, que é passiva, apassivadora, racionalizante, aquietadora e etc. Ela traz a energia da água e da terra, decanta os seres que estão sobrecarregados de negatividade.
As águas turbulentas dos rios em algum momento desembocam num lago, aquietando-se momentaneamente, se decantarão todas as impurezas incorporadas no seu fluir contínuo, permitindo que elas desçam até o fundo do lago, só assim, decantadas, as águas serão úteis.  Ela atua nos espíritos que serão conduzidos ao reencarne, mas ainda se encontram muito negativos, ela paralisa esse negativismo, prepara o espírito, para que a reencarnação do mesmo seja possível. Ela atua diretamente na evolução e nos carmas dos seres, ela que acompanha o reencarne e o desencarne, por isso também é conhecida como Senhora da vida (lama primordial) e da morte (dissolução do corpo físico na terra).
Os lagos possuem a força absorvente, Nanã atua dessa forma, absorvendo as energias densas mais profundas. Quando se adentra as energias de Nanã a pessoa recebe grandes transformações em seus modos de agir e ser, pois ela absorve as partes negativas do ser. O silêncio e a calma são primordiais, pois quem se aprofunda, entende que é melhor observar muito antes de se manifestar sobre qualquer situação.
Itan: Nanã fornece a lama para a modelagem do homem
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos.
Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra ainda a tentativa foi pior.
Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada.
Foi então que Nanã Burucu veio em seu socorro.
Apontou para o fundo do lago com o seu Ibiri, seu cetro e arma, e de lá retirou uma porção de lama. Nanã deu a porção de lama a Oxalá, o barro do fundo da lagoa onde ela morava, a lama sob as águas, que é Nanã.
Oxalá criou o homem, o modelou de barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixás povoou a terra.
Mas tem um dia que o homem morre e seu corpo tem que retornar a terra, voltar a natureza de Nanã Burucu. Nanã deu a matéria no começo, mas quer de volta no final tudo o que é seu.

Nanã nos deixa a mensagem de calmaria, de mergulharmos profundamente dentro no nosso ser para que as energias dela limpem e decante nossa parte negativa e nossos carmas. Ela trabalha com as energias mais profundas que existem dentro de nós, como uma grande sábia, ela mostra cada parte obscura que está sendo transmutada dentro de cada um para termos consciência daquilo e aprendermos um novo padrão. Ela é uma Orixá que proporciona curas profundas e grandes ensinamentos, devemos nos conectar com ela quando precisamos de tranquilidade e sabedoria para nos melhorarmos como pessoas.


·         Cores: Lilás e Branco
·         Saudação: Salubá Nanã (nos refugiamos em Nanã)
·         Simbolos: Ibiri (bastão de hastes de palmeira usado para afastar a morte)
·         Oferendas: Flores Lilás, alimentos que dão embaixo da terra, incensos de flores, velas brancas ou lilás.

Saluba Nanã!!
Minhas mais humildes reverências!
Juliane Camargo
Bibliografia:
As Cartas dos Orixás – Celina Fiovarani – São Paulo: Ed. Pensamento, 2009;
As Sete Linhas da Umbanda: A religião dos mistérios – Rubens Saraceni – São Paulo: Ed. Madras, 2017
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001.
Notas sobre o culto aos Orixás e Voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil e na antiga costa dos escravos, na África – Pierre Verger – tradução: Carlos E.M Moura – São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2012;
Umbanda Sagrada: Religião, Ciência, Magia e Mistérios – Rubens Saraceni - São Paulo: Ed. Madras, 2017;