Saravá Seu Zé!
O Catimbó é uma religião
afro-brasileira, ligada a grupos indígenas que habitavam o Nordeste brasileiro.
Nesta religião cultua-se os mestres (entidades espirituais que se apresentam
nessa linha) e também é feito o uso da planta de poder Jurema Sagrada.
O termo Mestre é de origem
portuguesa, utilizado para caracterizar alguém de muita sabedoria. Assim como
na Umbanda, os mestres que se apresentam no Catimbó, são compostos por
espíritos desencarnados que atuam como guias espirituais de pessoas encarnadas.
Cada um dos mestres espirituais que se apresentam neste culto, tem sua linha de
trabalho ou “ciência” que varia de trabalhos de cura, dinheiro, amor, limpeza
física e espiritual e outros encantamentos.
O contato entre a Umbanda e o
Catimbó ocorreu de maneira pacifica devido à grande flexibilidade de ambos os
cultos e as linhas de trabalho de ambas religiões foram incorporadas umas nas
outras.
Dentro deste culto e da umbanda, existe a linha de
trabalho dos Malandros, onde se apresentam os mestres: Zé Pelintra, Zé
Pretinho, Zé Malandro, Maria Navalha e outros. No Catimbó acredita-se que o
Mestre Zé Pelintra já está evoluído a ponto de não precisar mais se manifestar
nos cultos, quem se manifesta são espíritos pertencentes a sua falange, ou
seja, espíritos que buscam o crescimento e a evolução através dos ensinamentos
desse grande mestre. Por pertencerem a falange do Seu Zé Pelintra, se
apresentam da mesma forma que ele e utilizam o mesmo nome dele.
Eles afirmam também que alguns
mestres trabalham dos dois lados (esquerda e direita), que durante o dia Seu Zé
Pelintra é mestre e depois da meia-noite é Exu, isso vem da mistura que existe
entre o Catimbó e a Umbanda. “Saravá Seu Zé Pelintra nego do chapéu virado,
na direita ele é maneiro e na esquerda ele é pesado...”
Seu Zé Pelintra como entidade
espiritual, recebeu o título de Mestre nos cultos do Catimbó no nordeste, com o
crescimento da Umbanda nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo sua figura
começou a ser incorporada junto a linha dos Malandros, devido sua alta
performance em trabalhos de limpezas espirituais, desmanche de magias e
aconselhamentos.
Quando começou se apresentar na
Umbanda, devido sua carisma e forma divertida de ser, acabou por cativar muitos
adeptos, porém por esse mesmo motivo, fora julgado mal em algumas casas
espirituais. Acabaram por associá-lo a imagem de boêmio, mulherengo outros
títulos que não vêm ao caso mencioná-los. Alguns médiuns que trabalham com ele,
ainda confundem sua energia e acabam por culpá-lo por desvios de comportamentos
e más condutas, alegando que seu jeito boêmio de ser o influenciou a tais
decisões ruins em suas vidas.
“Seu Zé
Ele é mestre na aruanda
Saravá a sua banda
Vem chegando devagar
Ele é mestre na aruanda
Saravá a sua banda
Vem chegando devagar
Quando ele chega, chega sempre
sorridente
Com cigarro entre os dentes
De branco pra amenizar ….”
Com cigarro entre os dentes
De branco pra amenizar ….”
Seu Zé Pelintra é um mestre
espiritual de luz, seu maior instrumento de trabalho é a alegria, ele costuma
se aproximar de pessoas que precisam dessa energia em suas vidas, pessoas com
problemas familiares, depressivas, ansiosas, viciadas, menosprezadas pelos
padrões impostos pela sociedade, pessoas que precisam enxergar dentro de si
como é bom sorrir, como a vida é bela e os problemas mais fáceis de resolver
quando somos alegres e gratos ao criador pela nossa existência.
Ele tem uma força de limpeza energética muito poderosa,
pois como trabalha sempre na alegria, é capaz de mudar o padrão vibracional da
pessoa a qual se aproxima, transmutando todas as energias densas que ali possam
estar. Seu Zé é conversador, gosta de ensinar, de orientar, por essa qualidade,
também é ótimo em casos de encaminhamento de espíritos sofredores, com seu
jeito vai conversando e fazendo a passagem daquele ser para a luz.
Nos momentos de dificuldade e nos de
alegria também, lembrem-se de chamar por Seu Zé Pelintra e sua fiel companheira
Dona Maria Navalha, seja para auxiliar em algum processo, ou para sorrir ao seu
lado, experimente a alegria desses grandes mestres!!
Saravá Seu Zé Pelintra!
Saravá Dona Maria Navalha!
Salve a Malandragem!
Minhas mais humildes
reverências!
Juliane Camargo
Bibliografia:
Dissertação de Mestrado: A
mística do catimbó-jurema representada na palavra, no tempo e no espaço - André Luís Nascimento de Souza
– Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal – 2016. (https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/22119/1/AndreLuisNascimentoDeSouza_DISSERT.pdf)
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