quarta-feira, 29 de maio de 2019

8 versos que transformam a mente

Geshe Langri Tangpa 

Ensinamento comentado: Oito Versos que Transformam a Mente

Por Tenzin Gyatso , o décimo quarto dalai lama

Vou agora ler e explicar brevemente um dos mais importantes textos sobre a transformação da mente, Lojong Tsigyema (Oito Versos que Transformam a Mente). Este texto foi composto por Geshe Langri Tangpa (1054-1123), um bodisatva bastante incomum. Eu próprio o leio todos os dias, tendo recebido a transmissão do comentário de Kyabje Trijang Rinpoche.

1. Com a determinação de alcançar
O bem supremo em benefício de todos os seres sencientes,
Mais preciosos do que uma jóia mágica que realiza desejos,
Vou aprender a prezá-los e estimá-los no mais alto grau.

Aqui, estamos pedindo: "Possa eu ser capaz de enxergar os seres como uma joia preciosa, já que são o objeto por conta do qual poderei alcançar a onisciência; portanto, possa eu ser capaz de prezá-los e estimá-los."

2. Sempre que estiver na companhia de outras pessoas, vou aprender
A pensar em minha pessoa como a mais insignificante dentre elas,
E, com todo respeito, considerá-las supremas,
Do fundo do meu coração.

"Com todo respeito considerá-las supremas" significa não as ver como um objeto de pena, o qual olhamos de cima, mas, sim, as ver como um objeto elevado. Tomemos, por exemplo, os insetos: eles são inferiores a nós porque desconhecem as coisas certas a serem adotadas ou descartadas, ao passo que nós conhecemos essas coisas, já que percebemos a natureza destrutiva das emoções negativas. Embora seja essa a situação, podemos também enxergar os fatos de um outro ponto de vista. Apesar de termos consciência da natureza destrutiva das emoções negativas, deixamo-nos ficar sob a influência delas e, nesse sentido, somos inferiores aos insetos.

3. Em todos os meus atos, vou aprender a examinar a minha mente
E, sempre que surgir uma emoção negativa,
Pondo em risco a mim mesmo e aos outros,
Vou, com firmeza, enfrentá-la e evitá-la.

Quando nos propomos uma prática desse tipo, a única coisa que constitui obstáculo são as negatividades presentes no nosso fluxo mental; já espíritos e outros que tais não representam obstáculo algum. Assim, não devemos ter uma atitude de preguiça e passividade diante do inimigo interno; antes, devemos ser alertas e ativos, contrapondo-nos as negatividades de imediato.

4. Vou prezar os seres que têm natureza perversa
E aqueles sobre os quais pesam fortes negatividades e sofrimentos,
Como se eu tivesse encontrado um tesouro precioso,
Muito difícil de achar.

Essas linhas enfatizam a transformação dos nossos pensamentos em relação aos seres sencientes que carregam fortes negatividades. De modo geral, é mais difícil termos compaixão por pessoas afligidas pelo sofrimento e coisas assim, quando sua natureza e personalidade são muito perversas. Na verdade, essas pessoas deveriam ser vistas como objeto supremo da nossa compaixão. Nossa atitude, quando nos deparamos com gente assim, deveria ser a de quem encontrou um tesouro.

5. Quando os outros, por inveja, maltratarem a minha pessoa,
Ou a insultarem e caluniarem,
Vou aprender a aceitar a derrota,
E a eles oferecer a vitória.

Falando de modo geral, sempre que os outros, injustificadamente, fazem algo de errado em relação a nossa pessoa, é lícito retaliar, dentro de uma ética mundana. Porém, o praticante das técnicas da transformação da mente devem sempre oferecer a vitória aos outros.

6. Quando alguém a quem ajudei com grande esperança
Magoar ou ferir a minha pessoa, mesmo sem motivo,
Vou aprender a ver essa outra pessoa
Como um excelente guia espiritual.

Normalmente, esperamos que os seres sencientes a quem muito auxiliamos retribuam a nossa bondade; é essa a nossa expectativa. Ao contrário, porém, deveríamos pensar: "Se essa pessoa me fere em vez de retribuir a minha bondade, possa eu não retaliar mas, sim, refletir sobre a bondade dela e ser capaz de vê-la como um guia especial."

7. Em suma, vou aprender a oferecer a todos, sem exceção,
Toda a ajuda e felicidade, por meios diretos e indiretos,
E a tomar sobre mim, em sigilo,
Todos os males e sofrimentos daqueles que foram minhas mães.

O verso diz: "Em suma, possa eu ser capaz de oferecer todas as qualidades boas que possuo a todos os seres sencientes," é essa a prática da generosidade e ainda: "Possa eu ser capaz, em sigilo, de tomar sobre mim todos os males e sofrimentos deles, nesta vida e em vidas futuras." Essas palavras estão ligadas ao processo da inspiração e expiração.
Até aqui, os versos trataram da prática no nível da bodhicitta convencional. As técnicas para cultivo da bodhicitta convencional não devem ser influenciadas por atitudes como: "Se eu fizer a prática do dar e receber, terei melhor saúde, e coisas assim", pois elas denotam a influência de considerações mundanas. Nossa atitude não deve ser: "Se eu fizer uma prática assim, as pessoas vão me respeitar e me considerar um bom praticante." Em suma, nossa prática destas técnicas não deve ser influenciada por nenhuma motivação mundana.

8. Vou aprender a manter estas práticas
Isentas das máculas das oito preocupações mundanas,
E, ao compreender todos os fenômenos como ilusórios,
Serei libertado da escravidão do apego.

Essas linhas falam da prática da bodhicitta última. Quando falamos dos antídotos contra as oito atitudes mundanas, existem muitos níveis. O verdadeiro antídoto capaz de suplantar a influência das atitudes mundanas é a compreensão de que os fenômenos são desprovidos de natureza intrínseca. Os fenômenos, todos eles, não possuem existência própria eles são como ilusões. Embora apareçam aos nossos olhos como dotados de existência verdadeira, não possuem nenhuma realidade. "Ao compreender sua natureza relativa, possa eu ficar livre das cadeias do apego."
Deveríamos ler Lojong Tsigyema todos os dias e, assim, incrementarmos nossa prática do ideal do bodisatva.

(Extraído de The Union Of Bliss And Emptiness.)

                                    

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Seu Zé Pelintra Mestre


 Saravá Seu Zé!

            
           O Catimbó é uma religião afro-brasileira, ligada a grupos indígenas que habitavam o Nordeste brasileiro. Nesta religião cultua-se os mestres (entidades espirituais que se apresentam nessa linha) e também é feito o uso da planta de poder Jurema Sagrada.

            O termo Mestre é de origem portuguesa, utilizado para caracterizar alguém de muita sabedoria. Assim como na Umbanda, os mestres que se apresentam no Catimbó, são compostos por espíritos desencarnados que atuam como guias espirituais de pessoas encarnadas. Cada um dos mestres espirituais que se apresentam neste culto, tem sua linha de trabalho ou “ciência” que varia de trabalhos de cura, dinheiro, amor, limpeza física e espiritual e outros encantamentos.

            O contato entre a Umbanda e o Catimbó ocorreu de maneira pacifica devido à grande flexibilidade de ambos os cultos e as linhas de trabalho de ambas religiões foram incorporadas umas nas outras.


            Dentro deste culto e da umbanda, existe a linha de trabalho dos Malandros, onde se apresentam os mestres: Zé Pelintra, Zé Pretinho, Zé Malandro, Maria Navalha e outros. No Catimbó acredita-se que o Mestre Zé Pelintra já está evoluído a ponto de não precisar mais se manifestar nos cultos, quem se manifesta são espíritos pertencentes a sua falange, ou seja, espíritos que buscam o crescimento e a evolução através dos ensinamentos desse grande mestre. Por pertencerem a falange do Seu Zé Pelintra, se apresentam da mesma forma que ele e utilizam o mesmo nome dele.

            Eles afirmam também que alguns mestres trabalham dos dois lados (esquerda e direita), que durante o dia Seu Zé Pelintra é mestre e depois da meia-noite é Exu, isso vem da mistura que existe entre o Catimbó e a Umbanda. “Saravá Seu Zé Pelintra nego do chapéu virado, na direita ele é maneiro e na esquerda ele é pesado...”

            Seu Zé Pelintra como entidade espiritual, recebeu o título de Mestre nos cultos do Catimbó no nordeste, com o crescimento da Umbanda nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo sua figura começou a ser incorporada junto a linha dos Malandros, devido sua alta performance em trabalhos de limpezas espirituais, desmanche de magias e aconselhamentos.

            Quando começou se apresentar na Umbanda, devido sua carisma e forma divertida de ser, acabou por cativar muitos adeptos, porém por esse mesmo motivo, fora julgado mal em algumas casas espirituais. Acabaram por associá-lo a imagem de boêmio, mulherengo outros títulos que não vêm ao caso mencioná-los. Alguns médiuns que trabalham com ele, ainda confundem sua energia e acabam por culpá-lo por desvios de comportamentos e más condutas, alegando que seu jeito boêmio de ser o influenciou a tais decisões ruins em suas vidas.
 

Seu Zé
Ele é mestre na aruanda
Saravá a sua banda
Vem chegando devagar

Quando ele chega, chega sempre sorridente
Com cigarro entre os dentes
De branco pra amenizar ….”


            Seu Zé Pelintra é um mestre espiritual de luz, seu maior instrumento de trabalho é a alegria, ele costuma se aproximar de pessoas que precisam dessa energia em suas vidas, pessoas com problemas familiares, depressivas, ansiosas, viciadas, menosprezadas pelos padrões impostos pela sociedade, pessoas que precisam enxergar dentro de si como é bom sorrir, como a vida é bela e os problemas mais fáceis de resolver quando somos alegres e gratos ao criador pela nossa existência.

            Ele tem uma força de limpeza energética muito poderosa, pois como trabalha sempre na alegria, é capaz de mudar o padrão vibracional da pessoa a qual se aproxima, transmutando todas as energias densas que ali possam estar. Seu Zé é conversador, gosta de ensinar, de orientar, por essa qualidade, também é ótimo em casos de encaminhamento de espíritos sofredores, com seu jeito vai conversando e fazendo a passagem daquele ser para a luz.

            Nos momentos de dificuldade e nos de alegria também, lembrem-se de chamar por Seu Zé Pelintra e sua fiel companheira Dona Maria Navalha, seja para auxiliar em algum processo, ou para sorrir ao seu lado, experimente a alegria desses grandes mestres!!



Saravá Seu Zé Pelintra!
Saravá Dona Maria Navalha!
Salve a Malandragem!

Minhas mais humildes reverências!
Juliane Camargo
           


Bibliografia:

Dissertação de Mestrado: A mística do catimbó-jurema representada na palavra, no tempo e no espaço - André Luís Nascimento de Souza – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal – 2016.  (https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/22119/1/AndreLuisNascimentoDeSouza_DISSERT.pdf)

Musicas:

           


quarta-feira, 15 de maio de 2019

Oxumaré a serpente arco-íris


Oxumaré a serpente arco-íris
O Orixá Oxumaré é a serpente arco-íris que representa a mobilidade e a atividade, ele é dúbio sendo ao mesmo tempo macho e fêmea, esta dupla natureza se faz clara nas cores vermelha e azul que cercam o arco-íris, essa dualidade representa o ciclo da vida, pois na união entre masculino e feminino é que a vida se perpetua.
Oxumaré é um Orixá masculino, duplo, que pertence à água e à terra. Ele exprime a união de opostos que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e da vida. Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito).
Ele é símbolo da continuidade e da permanência e, algumas vezes é representado por uma serpente que enrosca e morde a própria calda, formando assim um círculo fechado.Em algumas culturas dizem que ele tem aparência humana por seis meses e aparência de serpente nos outros seis meses.
No Candomblé acredita-se que Oxumaré sustenta a Terra e a impede de desintegrar, pois o universo é dinâmico e a Terra também se encontra em constante movimento, se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará. Ele também está muito ligado a prosperidade e a riqueza.

Itan: Oxumaré desenha o arco-íris no céu para estancar a chuva
Conta-se que Oxumaré não tinha simpatia pela chuva.
Toda vez que ela reunia suas nuvens e molhava a terra por muito tempo,
Oxumaré apontava para o céu ameaçadoramente com sua faca de bronze e fazia com que a chuva desaparece, dando lugar ao arco-íris.
Um dia Olodumare contraiu uma moléstia que o cegou.
Chamou Oxumaré, que da cegueira o curou. Olodumare temia, entretanto perder a visão novamente e não permitiu que Oxumaré voltasse à terra para morar.
Para ter Oxumaré por perto, determinou que morasse com ele, e que só de vez em quando viesse à terra em visita, mas só em visita.
Enquanto Oxumaré não vem a terra, todos podem vê-lo no céu com sua faca bronze, sempre se fazendo no arco-íris para estancar a chuva.
Oxumaré é um orixá encantado mora no céu e vem à Terra visitar-nos através do arco-íris. Ele é uma grande cobra que envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo. Em nós ele trabalha a energia de transformação e renovação, ele proporciona a abundancia (o pote de ouro no final do arco-íris) quando nos transformamos, ele ao mesmo tempo traz para nossa vida a energia de mudança e proporciona a recompensa por essa transformação.

O culto a Dan (serpente)

Na África Oxumaré é originário de Mahi, ex Daomé mesmo local de sua mãe Nanã. As contas azuis, segi para os iorubás, são chamadas de Danni (excremento de serpente). Segundo a tradição essas contas são encontradas sob a terra, onde elas teriam sido evacuadas pelas serpentes, dizem que elas têm um valor equivalente a ouro. Dan é a divindade que traz as riquezas para os homens, por essa razão que Oxumaré também é associado a prosperidade e riquezas.

Ouroboros é um conceito representado pelo símbolo de uma serpente, que morde a própria cauda. Assim, a palavra significa “aquele que devora a própria cauda”. Simboliza o ciclo da evolução voltando-se sobre si mesmo. O símbolo contém as ideias de movimento, continuidade, autofecundação e, em consequência, eterno retorno. Ele também é usado como representação da criação do Universo e de tudo aquilo que é tido como eterno e infinito.

Arco-íris e os 7 chakras

Oxumaré está presente em nós nas cores do arco-íris, associados aos nossos chakras e ao nosso equilíbrio. Cada cor do arco-íris está ligada a um chakra, emoção e padrão, segue abaixo uma leve associação:

Violeta – Está associado ao Sahasra chacra coroa ou da cabeça, quando a energia e a cor violeta fluem neste chakra traz consciência e percepção da espiritualidade. Violeta é uma cor fria, aumenta o magnetismo pessoal, possui efeito curativo sobre todas as formas de neurose, estimula contato com lado espiritual, proporciona purificação, libertação dos medos e transmutação.

Índigo (anil) – Está associado ao Ajña, chakra Frontal ou terceiro olho, quando a energia e a cor índigo fluem neste chakra traz concentração, intuição, imaginação, sabedoria, realização espiritual e pessoal. O Índigo é uma cor fria, purifica, limpa, clareia, relaxa e libera a mente e o corpo físico dos medos, fobias, pensamentos destrutivos e sentimentos de inferioridade

Azul claro – Está associado ao Visuddha, chakra da garganta ou laríngeo, quando a energia e a cor azul fluem neste chakra, traz melhor comunicação, conhecimento, criatividade, lealdade, honestidade e integração. Azul claro é uma cor fria, simboliza a água possui propriedades calmantes e tranquilizante e melhora a comunicação.

Verde – Está associado ao Anahata, Chakra cardíaco ou do coração, quando a energia e a cor verde fluem neste chakra traz paixão, compaixão, perdão, amor, empatia, equilíbrio e harmonia. Verde é uma cor fria que remete a natureza e que ajuda a promover o equilíbrio interno, diminui o estresse, proporciona bem-estar físico e mental, liberdade, crescimento e saúde.

Amarelo – Está associado ao Manipura, chakra do plexo solar, quando a energia e a cor amarela fluem neste chakra traz autocontrole, energia, bom humor, poder e estabilidade pessoal e transformações. Amarelo é uma cor quente que remete ao sol, melhora o humor, o otimismo, auxilia na prosperidade e riquezas.
Laranja – Está associada ao Svadhisthana, o chakra esplênico ou umbilical, quando a energia e a cor laranja fluem neste chakra traz tolerância, movimentação, desejo, emoção e prazer. Laranja é uma cor quente ligada a alegria, vitalidade, sucesso, criatividade e assimilação de novas ideias.

Vermelho – Está associada ao Muladhara, o Chakra Básico, quando a energia e cor vermelho fluem neste chakra traz estabilidade, segurança e paciência. Vermelho é uma cor quente ligada a terra, aumenta a energia e vitalidade, eleva a autoestima e está associada a paixão e a sexualidade.

Precisamos diariamente de todas as cores do arco-íris para nos mantermos em equilíbrio e plenos na nossa caminhada, precisamos de Oxumaré em nossas vidas, movimentando as energias e nos transformando em pessoas melhores.

·         Dia da semana: Terça-feira
·         Saudação: Arroboboi Oxumaré (“Salve o Senhor do Arco-íris” ou “Salve o Senhor dos Ciclos”.)
·         Instrumento: Ebiri (espécie de vassoura feita com nervuras das folhas de palmeira) e serpente de ferro forjado
·         Cores: Amarelo e preto, 7 cores do arco-íris
·         Oferendas: Batata doce, Melão, uva verde com mel, bananas, mamão e manga ,girassol, Rosas amarelas, Hibisco e flores amarelas.


Minhas mais humildes reverencias!
Arroboboi Oxumaré!
Juliane Camargo
Bibliografia:
As Cartas dos Orixás – Celina Fiovarani – São Paulo: Ed. Pensamento, 2009;
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001.
Notas sobre o culto aos Orixás e Voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil e na antiga costa dos escravos, na África – Pierre Verger – tradução: Carlos E.M Moura – São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2012;

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Optcha o Povo Cigano


Optcha o Povo Cigano


Os ciganos são entidades de grande sabedoria mística. Acredita-se que são originários do norte da Índia e foram migrando para Europa e outros países, disseminando sua cultura e sabedoria. No entanto, são sofredores de grandes preconceitos até os dias atuais. Isso serviu para que eles continuassem perseverantes em sua missão. O povo cigano é humilde, forte, meros conhecedores das mazelas da vida.

Na Umbanda eles realizam uma corrente espiritual voltada para o plano material e para as necessidades mais terrenas das pessoas. São cultuados com taças de vinho ou água, frutas, moedas, pó de ouro, e outros. Essas entidades trabalham muito bem com as energias do Oriente, cristais, incensos, cores, os quatro elementos (terra, água, fogo e ar) e ervas. Eles gostam muito de trabalhar com as forças da natureza, os astros e ancestrais, é um povo de muita fé e são extremamente devotos a Santa Sara Kali.

Eles têm um forte apreço aos oráculos (cartas, bola de cristal, leitura de mão, runas) auxiliam as pessoas através desses instrumentos, sempre orientando para o crescimento e melhoramento, são certeiros em suas palavras e direcionamentos.

Símbolos Ciganos:

·   Coruja - representa segurança. A imagem da ave é utilizada para trazer equilíbrio e segurança no plano físico, econômico, e para evitar possíveis perdas materiais.
·   Chave - Representa as ‘soluções’. Usado para atrair boas soluções aos mais diversos problemas

·   Ferradura - Simboliza sorte e energia. Usado para atrair 
boa sorte e energia positiva, a ferradura representa o trabalho 
e o esforço. Os ciganos usam o símbolo como um poderoso 
amuleto da sorte, além do mesmo afastar a má sorte.
·    Moedas - Simboliza prosperidade e proteção. Usada para 
afastar energias negativas e para atrair riquezas. A moeda, 
ligada ao equilíbrio e à justiça e associada à riqueza 
material e espiritual (cara e coroa), para os ciganos 
representa o ouro físico (cara) e o espiritual (coroa).
·    Punhal - Simboliza poder, força, superação e vitória
·  Roda - Representa a Samsara – o ir e vir, o passar por diversos estados, o circular, morte e renascimento, o ciclo da vida. Muito usada para atrair equilíbrio e consciência, a roda é o grande símbolo cigano.
·   Taça - Simboliza a receptividade e a união, pois qualquer líquido adquire a forma da taça
·   Estrela 5 pontas - simboliza evolução. O amuleto é utilizado para trazer proteção, além de estar associado à sorte, intuição e êxito. A estrela, também conhecida como pentagrama, representa o domínio dos cinco sentidos.
·  Estrela 6 pontas - Usada como um talismã contra os inimigos invisíveis e visíveis, a também conhecida como Estrela Cigana é o símbolo dos grandes chefes ciganos. As seis pontas formam dois triângulos iguais, que indicam a igualdade entre o que está em cima e o que está a baixo.

   A Padroeira dos Ciganos
Santa Sara Kali é a padroeira dos ciganos. Ela foi canonizada em 1712 pela igreja católica. O termo Kali significa Negra, devido a sua pele escura. Seus festejos acontecem no dia 24 de maio onde são realizados procissões e banhos no mar.

Conta-se que Santa Sara foi uma servente de uma das três Marias que acompanharam Jesus Cristo na via dolorosa e permaneceram firmes ao lado dele até o momento de sua crucificação e morte. Por causa da perseguição contra os primeiros cristãos em Israel, Santa Sara, Maria Salomé, Maria Jacobina, Maria Madalena, os irmãos Marta, Maria e Lazaro, e um cristão chamado Maximino, foram colocados num barco e este foi solto à deriva no mar mediterrâneo, sem remos e sem velas. Todos os que estavam no barco permaneceram o tempo todo em oração, pedindo a Deus o milagre de chegarem sãos e salvos numa terra segura para se viver e anunciar o Evangelho. Santa Sara era uma das que mais pediam e rezavam. E ela prometeu que, se chegassem a salvo, dedicaria toda a sua vida à causa do Evangelho, onde quer que fosse preciso. O barco à deriva chegou à França, numa cidade hoje chamada de Sante Maries de La Mer (Santas Marias do Mar) em homenagem às santas mulheres que ali chegaram conduzidas pela providência divina com todos milagrosamente sãos e salvos. Um grande número de ciganos e devotos de Santa Sara que vão para a pequena cidade da França. Lá, realizam uma grande procissão da igreja até o mar, onde o barco à deriva chegou, com muitas orações e cantos alegres, como é próprio do povo cigano. Quando chegam ao mar fazem um grande silêncio e colocam um pouco da imagem da Santa dentro da água, simbolizando a sua vinda da Palestina para a França. Depois voltam em festa para a igreja de Santa Sara.
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Referências
As Sete Linhas da Umbanda: A religião dos mistérios – Rubens Saraceni – São Paulo: Ed. Madras, 2017;
https://www.simbolos.net.br/simbolos-ciganos/



* texto produzido por Juliane Camargo, membra do clã e do Templo Polimata Boitva