No dia 02 de Fevereiro é comemorado o
dia de Iemanjá, no sincretismo Nossa Senhora dos Navegantes. Senhora dos mares, rainha da costa brasileira
e amada por todo país, essa grande orixá é muito generosa com os fracos e
desamparados. A associamos as formas femininas mais delicadas, belas e
sensíveis, com uma energia receptiva lunar, sedutora e cativante.
Ela
está em tudo e todos o tempo todo, pois tem como atributo estimular a geração dos
seres, ou seja, atua intensamente na vida das pessoas captando todas as
vibrações mentais geradoras e estimulando-as de dentro para fora para que gerem
coisas em suas vidas.
Os mares são os domínios
de Iemanjá, e assim como o mar, as vezes calmo e por horas revoltos, a mensagem
que essa grande mãe vem nos passar vai depender muito do momento que você está
passando em sua vida.
O
otimismo e a mente firme vêm com o mar tranquilo e sem ondas para te
proporcionar momentos de beleza e felicidade. Já a mente cansada ou confusa
pode trazer um mar turbulento, onde algumas modificações ocorrerão em nossas
vidas, nem sempre as coisas chegarão de forma tranquila e a falta de perseverança
pode nos enganar com Iemanjá, avaliando mal as situações ou fugindo delas, se
esquivando dos problemas, o mar revolto é causado por nós mesmos, pelas nossas
atitudes. Quando Iemanjá chega traz consigo a mudança, onde serão necessárias
tomar providências em nossas vidas ou a pressão das águas e dos fatos nos
levará a isso.
Segundo algumas lendas,
ela sempre gostou de ser amada e bem tratada e ela traz consigo essa energia. Ela proporciona reflexões a beleza e harmonia
dos relacionamentos como um todo, trazendo a compreensão e a renovação contínua
das situações amorosas e familiares.
Iemanjá também simboliza a
abundância e fluidez em nossas vidas, assim como as ondas do mar elas trazem
movimento, as ondas devolvem as praias todas as impurezas que são jogadas no
mar, da mesma forma atua em nosso emocional, tornando visíveis sentimentos e
emoções para serem curados com o amor dessa grande mãe.
Itan – Iemanjá salva o
Sol de extinguir-se
“Orun, o Sol, andava exausto, desde a criação do mundo ele não tinha
dormido nunca, brilhava sobre a terra noite e dia, ele já estava pronto a
exaurir-se e se apagar por completo.
Com
seu brilho eterno, Orun maltratava a terra, ele a queimava dia após dia, tudo
estava praticamente acabado e os humanos não estavam sobrevivendo.
Os
Orixás estavam preocupados e se reuniram para encontrar uma saída e foi Iemanjá
que trouxe uma solução. Ela guardara sob as saias alguns raios de sol e
projetou-os sobre a Terra e mandou que o sol fosse descansar para depois
brilhar novamente.
Os
fracos raios de luz formaram um outro astro. O Sol descansaria para recuperar
suas forças e enquanto isso reinaria Oxu, a Lua, sua luz fria refrescaria a
Terra e os seres humanos não pereceriam no calor.
Assim
graças a Iemanjá, o Sol pode dormir. Á noite, as estrelas velam por seu sono,
até que a madrugada traga outro dia.”
Como reflexão, atualmente
vivemos muito como Orun, energia masculina e racional, as vezes somos egoístas
e queremos ser únicos em tudo, rígidos e resistente as mudanças sem nos dar
conta que estamos nos prejudicando e as pessoas de nosso convívio. Vamos
permitir que Iemanjá graciosamente traga Oxu em nossas vidas, a energia
feminina e espiritual, tranquilidade, harmonia e principalmente o equilíbrio em
nossas vidas.
v
Cores: azul claro e branco;
v
Saudação: Odoyá;(significa grande mãe – Odo
=grande, kiá = mãe)
v
Símbolos: abebé (leque), concha (representa o
feminino)
v
Oferendas:
rosas brancas, perfumes de colônia, folha de alfazema, flores brancas,
incensos de flores, velas azuis claras ou brancas.
Linha das Sereias e Marinheiros de
Iemanjá
As “Sereias”, os “Marinheiros” e os “Piratas” são guias
espirituais que respondem diretamente a Iemanjá.
As Sereias podem se manifestar durante os cantos a
Iemanjá, elas têm um poder de limpeza, purificação, e descarrego de energias
muito forte. Elas não costumam falar, só emitem um canto, que na verdade é a
sonorização de um poderoso “mantra aquático” diluidor de energias, vibrações e
formas pensamentos que se acumulam no ambiente e em nossos campos energéticos.
Elas são ótimas para anular magias negativas, afastar obsessores e espíritos
desequilibrados ou vingativos.
Os Marinheiros são entidades alegres e
cordiais, na umbanda acredita-se que são espíritos de antigos marujos,
pescadores, guardas-marinhos e capitães do mar. Quando eles chegam dão a
impressão de estarem “bêbados”, porém o termo correto seria “mareado”, esse
termo é usado para alguém que permaneceu muito tempo no mar a bordo de uma
embarcação que balança muito e uma vez em terra firme não conseguem ficar em
pé. Esse balanço que eles trazem é devido ao magnetismo aquático que carregam
consigo, a energia de movimento das ondas.
Eles são ótimos para casos de doenças,
para cortar demandas e para descarregar locais de trabalhos espirituais, enviando
para o fundo do mar todos os fluidos nocivos de suas limpezas. Os marinheiros
são uma linha de grande força, especializada na descarga pesada de casas
espirituais, onde o termo “Já lavei meu tombadinho (piso do navio), já deixei
tudo limpinho” é muito usado por eles, mostrando os seus objetivos em nossos
templos. Nunca andam sozinhos, quando em guerra unem-se em legiões, fazendo
valer o princípio de que a união faz a força, o que os torna imbatíveis nesse
sentido.
Os Piratas também se apresentam com a força de Iemanjá,
eles têm uma atuação mais específica, pois trabalham o nosso interno, nossos
sentimentos enterrados e perdidos com o tempo. Eles nos auxiliam a limpar os
nossos porões íntimos, nos permitindo a encontrar nossos maiores tesouros
perdidos. Trabalham também fortemente na quebra de demanda e com energias mais
densas que os Marinheiros, seria como se eles fossem a esquerda que atuam na
corrente das águas de Iemanjá.
Odoya Mamãe Iemanjá!
Salve a Marujada!
Saravá os Piratas!
Salve todo o povo do mar!
Minhas mais humildes reverencias!
Juliane Camargo***
Referências
As Sete Linhas da Umbanda: A religião
dos mistérios – Rubens Saraceni – São Paulo: Ed. Madras, 2017;
As Cartas dos Orixás – Celina
Fiovarani – São Paulo: Ed. Pensamento, 2009;
Mitologia dos Orixás – Reginaldo
Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001.
*** Juliane Camargo é membra do Templo Polimata Boituva e parte do clã e corpo mediúnico da casa
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Templo Polimata Boituva tem o prazer de anunciar e convidar a todos a fazerem parte da comemoração e louvor a nossa Rainha do Mar !
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