aldeia Noke kui próximo a Br-376, cruzeiro do Sul AC |
Katukina é um nome genérico dado a alguns grupos indígenas
que habitavam uma área próxima uma da outra, mesmo que falando troncos
linguísticos completamente diferentes, hoje em dia
encontramos essa alcunha
para pelo menos três grupos diferentes, um no amazonas e dois no estado do
Acre. Ambos grupos acreanos, de tronco linguístico Pano, não se auto denominam
katukina, o grupo que reside próximo a cidade de Feijó se reconhece como
Shanenawa e o outro como Noke Kuin “gente verdadeira” que vivem naTerra
indígena do rio Gregorio e a TI do Campinas, próximo a Taruacá e Cruzeiro do
Sul, fontes mais recentes estimam sua população total em mais de mil e duzentos
indivíduos
Os Noke Kuin se
dividem em seis clãs, no qual é passado de pai para filho (antigamente e mesmo
ainda hoje alguns defendem que originalmente a descendência era matrilinear) se
denominam esses grupos como Varinawa (povo do Sol), Kamanawa (povo da onça),
Satanawa (povo da lontra), Waninawa (povo da pupunha), Nainawa (povo do céu) e
Numanawa (povo do juriti), tradicionalmente eles habitam núcleos familiares em
torno de um casal mais velho com seus filhos e filhas solteiros e os seus
filhos homens casados com suas esposas.
romeya Noke Kui e o Kambo |
É um grupo muito ligado
a medicina do Kambo, aplicado até em bebes de meses de idade,
tradicionalmente
o kambo é usado para potencializar o sistema imunológico curando doenças,
afastando a tikishi, livremente traduzido como “preguiça” e a panema, falta de
sorte na caça, em sua sociedade a própria aplicação do kambo reflete sua
estrutura social, exemplificando, homens tomam kambo nos braços e peitoral,
para fortalecer para as funções de caça e abrir roçado, o que exige muita força
física, já nas mulheres o kambo é aplicado nas pernas, tendo em vista a função
de fortalecer a as pernas e a região uterina contribuindo para o serviço de
carregar macaxeira e os filhos, além do serviço doméstico.
Tradicionalmente os
curadores, ou shoitiya “aquele que tem a canção de cura”, fazem uso do rapé
como forma de conexão e facilitador no intercâmbio com o mundo sobrenatural, em
seções de cura e em iniciações, através do uso buscam estimular os sonhos com
Rono Yuxin, o espirito da cobra grande, que ensina em sonho as canções de cura
e como reconhecer os sintomas das doenças, também se utilizam do Huni ou ayahuasca,
porém seu uso está mais associado aos rumeyas, os grandes xamãs.
A respeito do
contato com o branco, assim como a maioria das tribos acreanas, se deu no
momento
povo Noke kui |
Há relativa
interesse acadêmico nos Noke Kuin (talvez pela facilidade de acesso a suas
terras) sendo encontrado alguns autores que produzem muito conhecimento a
respeito dessa etnia como por exemplo Edilene Coffaci de Lima, doutora em
antropologia pela Usp (e base para esse pequeno texto), como referência podemos
destacar também o site https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Katukina_Pano
.
* oferecido por Rome Poto - Cultura e Medicinas Indígenas