terça-feira, 3 de dezembro de 2019

3º Feitio de Ayahuasca Polimata

Parte 1...

Vista do atual Templo Polimata Cruzeiro do Sul - Acre

   Ayahuasca, Cipó, Uni, Yagé, Mariri, Caapi, Nixi Pae, Timbu, muitos são os nomes para se referir a bebida sagrada usada há muitos milênios pelos povos originários oriundos da América do Sul e uma pequena parte da América Central, hoje em dia famoso no mundo inteiro dada as suas propriedades singulares.
   O uso habitual da Ayahuasca migrou, nos últimos séculos, do uso fechado nas aldeias, que ainda
detinham esse conhecimento, para os grandes centros urbanos, não só nos países que compõe a
Panela no fogo!
3º Feitio do Templo Polimata
floresta amazônica (detentora e guardiã desta medicina) mas para o mundo inteiro. Mesmo dentro das aldeias seu uso foi ressignificado ao longo dos milênios, antes um culto fechado apenas aos iniciados homens e em raras oportunidades ao longo da vida, hoje aberto a toda comunidade independente de sexo ou idade e em oportunidades recorrentes. A troca de conhecimento entre brancos e nativos gerou a adaptação da nova realidade da bebida para ambos os povos, vindo a ser um catalisador para acelerar a compreensão a cerca do ser e a cerca do viver de forma mais acelerada adaptada as necessidades atuais de evolução em larga escala, graças a essa troca o conhecimento a respeito da bebida foi preservado e retransmitido a comunidades nativas que também haviam perdido a prática do uso ritual, sendo lembrado vagamente por anciãos das comunidade, é bem verdade que essa "nova
Vista do Igarapé Memésio
Templo Polimata Cruzeiro do Sul Acre
realidade" também trouxe seus reflexos, a exploração capitalista, a falta de treinamento adequado para as pessoas compreenderem o real benefício do chá, a falta de profundidade nos ensinamentos e vivencias no efeito da bebida e mesmo o deslumbramento de alguns indivíduos nativos com o "mundo ocidental" e agindo não como um transmissor de sua cultura e ancestralidade mas assumindo valores vagos da sociedade hedonista em que vivemos.
   Para combater a "ignorância" é importante o estudo e a vivência, no mundo da ayahuasca isso não é diferente. É importante ao iniciado no mistério do chá compreender sua origem para colaborar com o uso consciente e retransmitir valores mais profundos a respeito da bebida, do uso sustentável e da importância da conservação dos biomas nativos das plantas que compõe a receita desta medicina, de muitas formas podemos nos aprofundar nos mistérios do chá e uma oportunidade que temos é participar de um feitio de ayahuasca, participar in loco como a bebida é feita, o trabalho duro e prolongado que é cozinhar essa medicina sagrada. 
   Desde a coleta do Jagube, o Rei conhecedor dos mistérios, o cipó que detém as chaves para
Raspagem da casca do Jagube
podermos viajar dentre as dimensões que a bebida nos proporciona, é uma planta originária da floresta amazônica podendo ser encontrado facilmente em áreas de floresta fechada, hoje em dia a exploração de seu uso levou a uma caçada ao cipó levando a dificuldade de encontra-lo em áreas de floresta muito próximos a centros urbanos, já a muitos anos as religiões sérias que trabalham com chá promovem o replantio e conservação das espécies de Jagube, incluo aqui a Ordem Polimata que também promove o plantio e conscientização a respeito da importância deste ato. Paralelo ao cipó temos a Rainha da Floresta, as folhas de
Folhas de Chacrona prontas
para serem lavadas
chacrona aquelas que contêm a luz do conhecimento a ser destravado com as chaves do Jagube que devém ser colhidas de forma apropriada de preferencia só com as melhores folhas, atualmente muitos detêm "reinados" plantios em pequena e média escala dessa planta em forma de arbusto muito próxima do café que conhecemos bem.

Acarya MAha Surya Pandit Swami,
Mestre Nuno rezando no primeiro fogo
do feitio.
 Só a colheita é uma parte trabalhosa mas pequena ainda perto de todo o trabalho, a preparação do feitio começa meses antes com a fornalha, lenha seca, panelas, recipientes e todos os pormenores em relação a logística, principalmente para cozinhar na floresta, em áreas de difícil acesso e sem infraestruturas luxuosas como as do sudeste, exige bastante trabalho físico, mental e um certo investimento financeiro, enfim cozinhar, preparar o jagube, preparar a chacrona, cozinhar, trocar panela, e trabalho, as vezes por mais de um mês seguido, é um trabalho cansativo, mas recompensador para aquele que quer estar mais próximo da sabedoria da bebida, ao longo do processo de transformação dos
Salve a medicina da floresta !
materiais, água, jagube e rainha, os individuos participantes também se transformam e isso é a magica que essa bebida promove, a mudança no ser, trazendo ele de volta ao Sagrado ao contato com a natureza e em contato com o seu ser mais intimo.
   Convido a todos a terem essa experiencia e contribuírem para o estudo, conscientização e conservação dos saberes puros a respeito da Ayahuasca, convido também a frequentarem os Templos Polimatas para provarem desta alquimia natural preparada em terreno Polimata com esforço próprio e comprometido com os resultados dessa magia tradicional.




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