sábado, 8 de junho de 2019

Kawó-kabiyèsíle!!


Xangô o Orixá da Justiça e do Fogo purificador

Xangô traz a energia da justiça divina través do elemento fogo, aquecendo nossos corações para que vibremos sentimentos justos. Esse orixá capta as vibrações relacionadas com o juízo, quando positivas, ele com o elemento fogo, nos estimula a agir com mais intensidade no lado racional. Já quando as vibrações são negativas, sua companheira Iansã com o elemento ar, esfria o mental do ser enfraquecendo-o e anulando-o na emissão de injustiças ou falsos juízos.
Xangô e Iansã são Orixás que caminham juntos, são conhecidos também como “casal do dendê”, energeticamente eles trabalham como complemento um do outro, ele é o fogo que aquece e ela é o ar que esfria, ele traz uma energia passiva e ela mais ativa.
Quando estamos seguindo na linha do bem e da justiça divina, Xangô emana sua força do fogo, estimulando e nos aquecendo, trazendo equilíbrio e harmonia, porém quando estamos agindo injustamente e contra as leis divinas ele deixa de enviar suas energias, seu calor vai nos deixando e passamos a ser pessoas frias e desequilibradas. Busquemos Xangô com paciência e com o coração aberto, pois ele esclarece e nos equilibra, nos ensina junto as leis divinas.

Xangô também está relacionado a virilidade e a atração, pois com o elemento fogo ele trabalha e energiza nossos chakras básico e sacral, proporcionando mais aterramento, firmeza e virilidade. Ele teve como esposas Iansã a senhora dos ventos e das tempestades, Oxum a senhora da cachoeira e Obá a senhora das águas revoltas e do barro. A junção de Xangô com cada uma delas, traz uma faceta desse grande orixá. Xangô das cachoeiras que assim como o fogo, nos purifica; Xangô da terra que nos ampara quando caímos e aguarda até despertarmos; Xangô dos raios, que traz as leis divinas do alto até a terra. Que a Lei Divina não seja desafiada, pois Xangô colocará muitas pedras no caminho dos que optarem por isso.
Nos contos Africanos, Xangô é representado como Rei, associado diretamente ao poder da realeza. As lendas sempre falam da força implacável de Xangô como guerreiro, conquistador de reinos, bonito, vaidoso e conquistador de mulheres. Por eles Xangô era considerado como o Rei entre todos os Reis.
Fogo – é a essência divina que aquece a vida e vivencia todos os seres. O fogo representa as transformações da natureza, sua criação e destruição. Dentro do seu aspecto destrutivo, o fogo representa a destruição, mas esse estado é passageiro, pois a destruição de algo sempre representa, a abertura de espaço para o novo poder brotar, para um nascimento em uma nova condição. O fogo também traz o sentido de uma transformação íntima, de um desenvolvimento espiritual, transmutando a consciência de estado em estado até se atingir a iluminação. O fogo interior brilha cada vez mais forte e num nível mais sutil conforme nossa ascensão espiritual.
Itan: Xangô é reconhecido como o Orixá da justiça
Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável.
Os guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte, sem piedade ou compaixão. As atrocidades já não tinham limites.
O inimigo mandava entregar a Xangô seus homens aos pedaços
Xangô estava desesperado e enfurecido.
Xangô subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer, pedindo-o ajuda.
Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com o Oxé, seu machado duplo.
O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos.
A guerra perdida foi se transformando em vitória.
Xangô ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria.
Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados.
A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos.
Através dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo tipo de pendência, julgar as discordâncias e administrar justiça.

Refletindo sobre a lenda de Xangô, podemos observar que existe o lado positivo e o lado negativo, o amor e o ódio, o bem e o mal, a luz e as trevas e o livro branco e o livro preto. Nesses livros, branco relacionado a ascensão e o preto a queda, são escritos nossas ações, padrões, sentimentos, pensamentos e comportamentos. Tudo o que é anotado no livro branco, também é anotado no livro preto, nada passa despercebido. Todos nós possuímos esses dois lados, a luz e a sombras. Xangô nos deixa claro que a Lei divina é como uma rocha, ninguém caminha com o peso dela nas costas, e lentamente se sentirá aniquilado. Xangô nos ouve, se estivermos sendo justos e verdadeiros ele nos ampara, se não tivermos ele nos esclarece, mas se ainda insistirmos no mesmo erro ele será rigoroso aplicando a lei divina sobre nós.
·         Dia da semana: Quarta-feira
·         Saudação: “Kawó-kabiyèsíle!!” (Venham ver o Rei descer sobre a Terra!!)
·         Instrumento: Oxé (machado de dois lados)
·         Cores: marrom e branco ou vermelho
·         Oferendas: Amalá (comida feita com Quiabos), Velas brancas, vermelhas e marrom; cerveja escura, flores diversas e frutas doces
Kawo Kabiyesile Xangô!
Minhas mais humildes reverências!
Juliane Camargo
Bibliografia
As Sete Linhas da Umbanda: A religião dos mistérios – Rubens Saraceni – São Paulo: Ed. Madras, 2017
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001.
Notas sobre o culto aos Orixás e Voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil e na antiga costa dos escravos, na África – Pierre Verger – tradução: Carlos E.M Moura – São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2012;
Umbanda Sagrada: Religião, Ciência, Magia e Mistérios – Rubens Saraceni - São Paulo: Ed. Madras, 2017;

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