Xangô o Orixá da Justiça e do Fogo
purificador
Xangô
traz a energia da justiça divina través do elemento fogo, aquecendo nossos
corações para que vibremos sentimentos justos. Esse orixá capta as vibrações
relacionadas com o juízo, quando positivas, ele com o elemento fogo, nos estimula
a agir com mais intensidade no lado racional. Já quando as vibrações são
negativas, sua companheira Iansã com o elemento ar, esfria o mental do ser
enfraquecendo-o e anulando-o na emissão de injustiças ou falsos juízos.
Xangô
e Iansã são Orixás que caminham juntos, são conhecidos também como “casal do
dendê”, energeticamente eles trabalham como complemento um do outro, ele é o
fogo que aquece e ela é o ar que esfria, ele traz uma energia passiva e ela
mais ativa.
Quando
estamos seguindo na linha do bem e da justiça divina, Xangô emana sua força do
fogo, estimulando e nos aquecendo, trazendo equilíbrio e harmonia, porém quando
estamos agindo injustamente e contra as leis divinas ele deixa de enviar suas
energias, seu calor vai nos deixando e passamos a ser pessoas frias e
desequilibradas. Busquemos Xangô com paciência e com o coração aberto, pois ele
esclarece e nos equilibra, nos ensina junto as leis divinas.
Xangô também está relacionado a virilidade e a atração, pois com o elemento fogo ele trabalha e energiza nossos chakras básico e sacral, proporcionando mais aterramento, firmeza e virilidade. Ele teve como esposas Iansã a senhora dos ventos e das tempestades, Oxum a senhora da cachoeira e Obá a senhora das águas revoltas e do barro. A junção de Xangô com cada uma delas, traz uma faceta desse grande orixá. Xangô das cachoeiras que assim como o fogo, nos purifica; Xangô da terra que nos ampara quando caímos e aguarda até despertarmos; Xangô dos raios, que traz as leis divinas do alto até a terra. Que a Lei Divina não seja desafiada, pois Xangô colocará muitas pedras no caminho dos que optarem por isso.
Nos
contos Africanos, Xangô é representado como Rei, associado diretamente ao poder
da realeza. As lendas sempre falam da força implacável de Xangô como guerreiro,
conquistador de reinos, bonito, vaidoso e conquistador de mulheres. Por eles
Xangô era considerado como o Rei entre todos os Reis.
Fogo
– é a essência divina que aquece a vida e vivencia todos os seres. O fogo
representa as transformações da natureza, sua criação e destruição. Dentro do
seu aspecto destrutivo, o fogo representa a destruição, mas esse estado é
passageiro, pois a destruição de algo sempre representa, a abertura de espaço
para o novo poder brotar, para um nascimento em uma nova condição. O fogo
também traz o sentido de uma transformação íntima, de um desenvolvimento
espiritual, transmutando a consciência de estado em estado até se atingir a
iluminação. O fogo interior brilha cada vez mais forte e num nível mais sutil
conforme nossa ascensão espiritual.
Itan: Xangô é reconhecido como o Orixá
da justiça
Xangô
e seus homens lutavam com um inimigo implacável.
Os
guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a
morte, sem piedade ou compaixão. As atrocidades já não tinham limites.
O
inimigo mandava entregar a Xangô seus homens aos pedaços
Xangô
estava desesperado e enfurecido.
Xangô
subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá
sobre o que fazer, pedindo-o ajuda.
Xangô
estava irado e começou a bater nas pedras com o Oxé, seu machado duplo.
O
machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de
fogo, que devoravam os soldados inimigos.
A
guerra perdida foi se transformando em vitória.
Xangô
ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados
de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria.
Mas
os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados.
A
partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos.
Através
dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo
tipo de pendência, julgar as discordâncias e administrar justiça.
Refletindo
sobre a lenda de Xangô, podemos observar que existe o lado positivo e o lado
negativo, o amor e o ódio, o bem e o mal, a luz e as trevas e o livro branco e
o livro preto. Nesses livros, branco relacionado a ascensão e o preto a queda,
são escritos nossas ações, padrões, sentimentos, pensamentos e comportamentos.
Tudo o que é anotado no livro branco, também é anotado no livro preto, nada
passa despercebido. Todos nós possuímos esses dois lados, a luz e a sombras. Xangô
nos deixa claro que a Lei divina é como uma rocha, ninguém caminha com o peso
dela nas costas, e lentamente se sentirá aniquilado. Xangô nos ouve, se
estivermos sendo justos e verdadeiros ele nos ampara, se não tivermos ele nos
esclarece, mas se ainda insistirmos no mesmo erro ele será rigoroso aplicando a
lei divina sobre nós.
·
Dia
da semana: Quarta-feira
·
Saudação:
“Kawó-kabiyèsíle!!” (Venham ver o Rei descer sobre a Terra!!)
·
Instrumento:
Oxé (machado de dois lados)
·
Cores:
marrom e branco ou vermelho
·
Oferendas:
Amalá (comida feita com Quiabos), Velas brancas, vermelhas e marrom; cerveja
escura, flores diversas e frutas doces
Kawo
Kabiyesile Xangô!
Minhas
mais humildes reverências!
Juliane
Camargo
Bibliografia
As
Sete Linhas da Umbanda: A religião dos mistérios – Rubens Saraceni – São Paulo:
Ed. Madras, 2017
Mitologia
dos Orixás – Reginaldo Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001.
Notas
sobre o culto aos Orixás e Voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil e na
antiga costa dos escravos, na África – Pierre Verger – tradução: Carlos E.M
Moura – São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2012;
Umbanda
Sagrada: Religião, Ciência, Magia e Mistérios – Rubens Saraceni - São Paulo:
Ed. Madras, 2017;
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