terça-feira, 22 de maio de 2018

Livros de Conhecimento: "A erva do Diabo" Carlos Castaneda (2/2)

Reflexão acerca do livro, no original,"The Teachings of Don Juan" (a Erva do Diabo; Carlos Castaneda) - parte II -


 A erva do diabo, Carlos Castaneda,1968, Universidade da Califórnia.

    Dando sequencia ao artigo passado onde abordamos dois dos quatro inimigos, ou desafios, naturais de um homem de conhecimento (Medo, Clareza, Poder Velhice) continuamos nossa saga rumo a sabedoria, após vencermos o medo, que nos impulsiona a fugir dos desafios, através da coragem e do enfrentamento chegamos a nosso segundo desafio a clareza, essa nos torna cegos e incapaz de evoluir no conhecimento, através da humildade e também do enfrentamento aprendemos que nossa total clareza nada mais era que apenas um ponto na frente dos nossos olhos, ao derrubar esse inimigo nos deparamos com o poder pleno, onde o caminhante tem total controle sobre si e as energias, o que o leva ao nosso terceiro inimigo natura, o PODER.

PODER: Este inimigo nasce do empoderamento do discípulo que agora controla tudo ao seu redor, ou será esse controlado pelo poder? , Don Juan diz:"Um  homem nesse estágio quase nem nota seu terceiro inimigo se aproximando. E de repente, sem saber, certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num homem cruel e caprichoso" e ainda segue comentando em outro trecho: "- Um homem que é derrotado pelo poder morre sem realmente saber manejá-lo. O poder é apenas uma carga em seu destino. Um homem desses não tem domínio sobre si, e não sabe quando ou como usar o seu poder." 
    Esse inimigo é o mais difícil de ser derrotado em função da falsa força que ele emana e por tentar o homem a "brincar de deus", porém se mesmo cego de poder durante algum tempo o homem abre seus olhos e volta a lutar contra, a batalha recomeça! (diferente do medo que se o aluno cair, o medo o afasta do caminho e ele nunca mais volta) A derrota definitiva vem quando o homem se rende ao poder e deixa-se perder-se. Para combater este mal ele ensina: "- Também tem de desafiá-lo, propositalmente. Tem de vir a compreender que o poder que parece ter adquirido, na verdade nunca é seu. Deve controlar-se em todas as ocasiões, tratando com cuidado e lealdade tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder, sem seu controle sobre si, são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que tudo está controlado. Então, saberá quando e como usar seu poder. E assim terá derrotado seu terceiro inimigo."

    Após uma longa e exaustiva caminhada rumo ao saber, depois de uma extensa e penosa batalha contra seus inimigos predecessores "no momento em que o homem não tem mais receios, não tem mais impaciências de clareza de espirito... um momento em que todo seu poder está controlado."   o sábio encontra, por fim, seu ultimo inimigo natural, aquele ao qual ninguém, de fato, pode derrotar, mas simplesmente afastar, depara-se então o homem com a Velhice.

VELHICE: Este fato biológico vai além do corpo, não se dá apenas na ultima fase da vida, mas pode atacar o discípulo a qualquer momento a partir da psique. Don Juan explica mais sobre esse desafio: "(...) vem o momento em que ele (homem de conhecimento) sente um desejo  irresistível de descansar. Se ele ceder completamente a seu desejo de se deitar e esquecer, se ele se afundar na fadiga, terá perdido o último round e seu inimigo o reduzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se retirar dominará toda sua clareza, seu poder e sabedoria.
    Porém em seu livro Castaneda, através de seu interlocutor indígena complementa:"Mas se o homem sacode sua fadiga, e vive seu destino completamente, então poderá ser chamado de um homem de conhecimento, nem que seja no breve momento em que ele consegue lutar contra o seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza, poder e conhecimento é o suficiente."

    A importância destas lições transcendem apenas aos seguidores do caminho, mas pode adaptar-se a qualquer homem em qualquer área de conhecimento, é pertinente a reflexão sobre esses "inimigos" em todos os momentos de nossa vida, estarmos atentos as armadilhas que eles nos impõem ao longo da trilha é de grande valia para aqueles que querem, de fato, chegar ao fim da jornada. Coragem!, Observação!, Humildade!e Ação!

sexta-feira, 11 de maio de 2018

ॐ Śrī Nṛsiṃha Caturdaśī - Satsaṅgas ao Matador de Demônios

(texto originalmente postado em Ashram do Acarya por Yuri D. Wolf , membro do clã do camaleão Mairiporã e comandante da cadeira de hinduísmo)

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Nṛsiṁhadeva!


 नृसिंह अभयमन्त्र

Nṛsiṁha Abhayamantra – invocação da superação do medo (abhaya) de Prahlāda à Śrī Nṛsiṃha, presente no Śrīmad Bhāgavatam (Canto V, 18.8)
ॐ नमो भगवते नरसिंहाय
नमस् तेजस्-तेजसे ऽविराविर्भव
वज्रनख वज्रदंष्ट्र कर्माशयान्
रन्धय रन्धय तमो ग्रस ग्रस ॐ स्वाहा
अभयम् अभयम् आत्मनि भूयिष्ठा ॐ क्ष्रौम्

o namo bhagavate narasiṁhāya
namas tejas-tejase’vir-āvirbhava
vajranakha vajradaṁṣṭra karmāśayān
randhaya randhaya tamo grasa grasa o svāhā.
abhayam abhayam ātmani bhūyiṣṭhā o kṣraum.

“Ofereço minhas humildes reverências ao Senhor Nṛsiṃha, a fonte de todo o poder. Ao Senhor que possui garras e presas que são como raios, peço humildemente que derrote nossos desejos demoníacos por atividades fruitivas neste mundo material. Peço humildemente que surja em nossos corações e varra a ignorância para que, através de Vossa misericórdia, possamos transcender o medo na luta pela existência neste mundo material.”

Neste mês de maio, no Templo Polimata, celebraremos a grandiosa Nṛsiṃha Caturdaśī em nossos Satsaṅgas em nossos Templos em Boituva (12/05), Mairiporã (19/05) e Campinas (26/05). Trata-se do advento (aparecimento) de Śrī Nārasiṃha, o venerável matador de demônios.

Śrī Nṛsiṃha (श्रीनृसिंह, em sânscrito, onde nṛ/nāra = homem; siṃha = leão), é a quarta encarnação de Śrī Viṣṇu, e personifica a Ira Divina. É conhecido como o grande protetor dos devotos de coração puro dentro do caminho transcendental vaiṣṇava.

Nīlacakra, representação do Senhor Nārasiṃha no topo do Templo de Śrī Jagannātha, em Purī.

Sua manifestação se deu a partir do desequilíbrio cósmico causado pelo rei-demônio Hiraṇyakaśipu (hiraṇya = feito de ouro, dourado; kaśipu = assento), um ser provido de enorme ganância e insaciável anseio pelos prazeres mundanos, que se tornou incrivelmente poderoso a partir de grandes austeridades meditativas realizadas à Śrī Brahmā.

Seu irmão mais velho, o demônio Hiraṇayakṣa (“aquele que tem os olhos dourados”) já havia realizado o mesmo processo anteriormente, adquirindo poderes que permitiram-no conquistar o céu e aterrorizar a Mãe Terra. Assim, Hiraṇayakṣa teve de ser aniquilado por Śrī Vārāha, o javali: a terceira encarnação de Śrī Viṣṇu.

Quando Hiraṇyakaśipu parte para iniciar seu processo de austeridades à Śrī Brahmā, sua esposa, Kayādu, é raptada por Indra, o Senhor da Tempestade, rei dos céus e inimigo dos asuras, raça de Hiraṇyakaśipu. Nārada Muni, então, intervém e acolhe moça, que gerava um filho em seu ventre.

Enquanto cuidava de Kayādu, Nārada cantava constantemente o Santo Nome de Śrī Viṣṇu, como de costume. Percebeu então que a criança, ainda em gestação, respondia ao processo devocional (bhakti) por ele praticado. Estava ali plantada uma semente, no coração do bebê Prahlāda (cujo nome pode ser livremente traduzido do sânscrito como alegria, felicidade).

Neste meio tempo, Hiraṇyakaśipu concluiu suas austeridades e recebeu a visita de Śrī Brahmā, que lhe oferece uma bênção sob a forma de um desejo.

De princípio, pede à Śrī Brahmā o dom da imortalidade. Porém, uma vez que o próprio Senhor Brahmā não é imortal, o mesmo não poderia conceder tal pedido.

Assim, com o objetivo de alcançar virtualmente a imortalidade, o asurasolicitou uma série de particularidades para proteger-se, não podendo ser morto por nenhuma entidade criada por Śrī Brahmā ou pelas mãos de nenhum demônio, semideus ou animal, nem de dia, nem à noite, nem dentro, nem fora de nenhuma residência, não podendo estar no chão, nem no ar, ou virado face a nenhuma das quatro direções, por nenhuma arma de metal ou por efeito de nenhum tipo de veneno.

Assim, Hiraṇyakaśipu conquistou os três planos: bhū (o plano físico), bhuvāḥ(o plano astral) e svaḥ (o plano celestial), subvertendo a ordem natural, autoproclamando-se supremo e exigindo devoção por parte de todas as entidades.

Na contramão de todo o caos instaurado pelo asura, o jovem Prahlāda se encontra no processo transcendental junto à Śrī Viṣṇu, negando devoção ao pai-demônio. Tal ato provoca a ira de Hiraṇyakaśipu, que decide ceifar a vida de seu filho. Em diversas oportunidades, ordena atentados contra a criança santa que, entoando o nome de Śrī Nārayaṇa, era agraciada com uma bênção que o livrava do perigo, como, por exemplo, sob o estouro de uma manada de elefantes, à beira de um penhasco, em alto mar ou numa grande pira incandescente.

Consternado com o insucesso das várias investidas, Hiraṇyakaśipu decide por assassinar a criança ele mesmo. Numa tentativa de intimidar Prahlāda, oasura exibe diversas armas místicas de grande poder, ordenando que o menino renunciasse à sua fé em Śrī Viṣṇu e se prostrasse a seus pés. Este, inabalável, reafirma decididamente sua devoção, explicando que não temia o demônio, pois Śrī Viṣṇu já o havia protegido inúmeras vezes. Disse que, inclusive, o mesmo era onipresente e que estava ali, naquele momento, para protegê-lo uma vez mais.

Hiraṇyakaśipu não compreende a afirmação de Prahlāda e aponta para uma pilastra, questionando incredulamente se ali também se encontrava Śrī Viṣṇu. O menino responde afirmativamente e, então tomado pela ira, o asuraquebra a estrutura. Desta, materializa-se Śrī Nṛsiṃha.

Ao se deparar com Deus, encarnado em uma forma metade leão, metade homem, não criada por Śrī Brahmā, Hiraṇyakaśipu realizou sua desgraça. O combate foi deflagrado ao crepúsculo, que não se enquadra nem como dia, nem como noite. Rapidamente Śrī Nṛsiṃha surra o demônio até levá-lo para o meio de uma janela, que permite a ambos não estarem nem dentro e nem fora da residência. Assim, posiciona o asura sobre seu joelho e mirando o céu, já que esta não poderia ser morto nem no chão, nem no ar, nem voltado para nenhuma das quatro direções. Finalmente, considerando que Hiraṇyakaśipu não poderia ser morto por nenhuma arma ou veneno, Śrī Nṛsiṃha o estripa com suas dilacerantes garras leoninas.

Por fim, Śrī Nṛsiṃha transforma-se em Śrī Viṣṇu e abençoa Prahlāda, coroando-o soberano do reino conquistado pelo pai-demônio.

Assim, a encarnação do Deus-Leão nos ensina o valor da verdadeira fé, aquela que transcende os desejos e perigos e ilusões do mundo material, e que é capaz de iluminar e firmar o coração dos homens no caminho do amor, até nas mais obscuras adversidades.

Sobre sua iconografia, de acordo com o Vihagendra Samhitā (4.17), Deus-Leão possui mais de setenta formas diferentes, das quais nove são destacadas:

1.     Ugra-Nṛsiṃha: o feroz, em sânscrito. É representado sentado, e pode estar dilacerando o corpo de Hiraṇyakaśipu sobre seu colo;

Ugra-Nṛsiṃha
2.     Krodha-Nṛsiṃha: o irado, em uma mistura com Śrī Vārāha. Aparece com os dentes extrudidos, segurando a Mãe Terra entre seus dentes;

Krodha-Nṛsiṃha

3.     Malola-Nṛsiṃha: “o amante da Deusa”, uma de suas formas mais calmas, representado com Śrī Lakṣmī em seu colo;

Malola-Nṛsiṃha

4.     Jvālā-Nṛsiṃha: “em chamas”. Similar à Ugra-Nṛsiṃha, porém dotado de oito braços, nos quais dois seguram o asura, dois dilaceram seu estômago, dois seguram os intestinos do mesmo como uma guirlanda e os dois remanescentes seguram śaṅkha (a concha) e cakra (o disco);
Jvālā-Nṛsiṃha

5.     Vārāha-Nṛsiṃha: representado ao lado de Śrī Vārāha, em um híbrido com aspecto abstrato.
Vārāha-Nṛsiṃha
6.     Bhārgava-Nṛsiṃha: similar à Ugra-Nṛsiṃha, concedeu uma importante bênção à Śrī Paraśurāma, a quinta encarnação de Śrī Viṣṇu;

Bhārgava-Nṛsiṃha
7.     Karanja-Nṛsiṃha: referente a um passatempo de Śrī Hanumān, que executou um sacrifício sob uma árvore Karanja para obter uma visão mística do Senhor Rāma, a sexta encarnação de Śrī Viṣṇu. Possui um arco e detalhes humanos em seu rosto;

Karanja-Nṛsiṃha
8.     Yogānanda-Nṛsiṃha: retratado em postura ióguica, remete aos ensinamentos referentes à meditação passados para Prahlāda;

Yogānanda-Nṛsiṃha

9.     Pāvana-Nṛsiṃha: o purificador, encontra-se sentado com śaṅkha (a concha) e cakra (o disco).
Pāvana-Nṛsiṃha 
Invocações Mântricas 
श्रीनृसिंह महामन्त्र
Śrī Nṛsiṁha Mahāmantra
औं उग्रं वीरं महाविष्णुं
ज्वालान्तं सर्वतो मुखम् 

नृसिंहं भीषनं भद्रं
मृत्युर् मृत्युं नमाम्यहम् 

auṃ ugraṃ vīraṃ mahāviṣṇuṃ
jvālāntaṃ sarvato mukham 

nṛsiṃhaṃ bhīṣaṇaṃ bhadraṃ
mṛtyur-mṛtyuṃ namāmyaham 

Reverencio-me à furiosa e mais intrépida personalidade daquele que tudo permeia, cujas chamas estão por toda parte, o Homem-leão, que é terrível e auspicioso, a morte da pópria morte.

श्रीनृसिंह प्रणाम
Śrī Nṛsiṃha Praṇāma – mantra de reverência à Śrī Nṛsiṃha

नमस्ते नरसिंहाय 
प्रह्लादह्लाददायिने 
हिरण्यकशिपोर् वक्षः 
शिलाटङ्क नखालये 

namaste narasiṁhāya 
prahlādahlādadāyine 
hiraṇyakaśipor vakṣaḥ 
śilāṭaṅka nakhālaye 

इतो नृसिंहः परतो नृसिंहो 
यतो यतो यामि ततो नृसिंहः 
बहिर् नृसिंहो हृदये नृसिंहो 
नृसिंहं आदिं शरणं प्रपद्ये 

ito nṛsiṃhaḥ parato nṛsiṃho 
yato yato yāmi tato nṛsiṃhaḥ 
bahir nṛsiṁho hṛdaye nṛsiṃho 
nṛsiṁhaṃ ādiṃ śaraṇaṃ prapadye 

तव करकमलवरे नखम् अद्भुतश्र्ङ्गं ।
दलितहिरण्यकशिपुतनुभृङ्गम् 
केशव धृतनरहरिरूप जय जगदिश हरे 

tava karakamalavare nakham adbhutaśrṅgaṃ 
dalitahiraṇyakaśiputanubhṛṅgam 
keśava dhṛtanaraharirūpa jaya jagadiśa hare ॥

जय नृसिंहदेव जय नृसिंहदेव
जय नृसिंहदेव जय नृसिंहदेव ।
जय प्रह्लादमहरज जय प्रह्लादमहरज
जय प्रह्लादमहरज जय प्रह्लादमहरज ॥

jaya nṛsihadeva jaya nṛsihadeva
jaya nṛsihadeva jaya nṛsihadeva 
jaya prahlāda mahārāja  jaya prahlāda mahārāja
jaya prahlāda mahārāja  jaya prahlāda mahārāja 


“Reverencio-me ao Senhor Nṛsiṁha, que abençoa Prahlāda e cujas garras são cinzéis sobre pedra, no peito de Hiraṇyakaśipu.
O Senhor Nṛsiṁha está em todo lugar, onde quer que se vá. Está dentro e fora do coração. Rendo-me ao Senhor Nṛsiṁha, a origem de todas as coisas e o Refúgio Supremo.
Ó, Keśava (aquele que tem longos cabelos, ou uma juba), Senhor do Universo. Todas as Glórias, Ó Hari, Aquele que assumiu a forma metade homem, metade leão. Como se pode facilmente esmagar uma vespa nas mãos, o corpo de Hiraṇyakaśipu foi dilacerado por suas afiadas garras em suas belas mãos de lótus.
Todas as Glórias ao Senhor Nṛsiṁha
Todas as Glórias ao Senhor Prahlāda Mahārāja”.

श्रीनृसिंह गायत्री
Śrī Nṛsiṃha Gāyatrī– mantra de invocação da Deidade

ॐ वज्रनखाय विद्महे
तिक्ष्णदंष्ट्राय धीमहि ।
तन्नो नारसिंहः प्रचोदयात् ॥

o vajranakhāya vidmahe
tikṣṇadaṃṣṭrāya dhīmahi 
tanno nārasiṃhaḥ pracodayāt 

“Meditamos no naquele cujas garras são como raios, contemplamos aquele cujas presas são muito afiadas.
Reverenciamo-nos ao homem-leão, para que nos ilumine com sabedoria”.

श्रीनृसिंह बीजगयत्रि

Śrī Nṛsiṃha bījamantra – manta de repetição
ॐ क्ष्रौं नारसिंहाय नमः
o kṣraum nārasihāya namaḥ

“Reverencio-me ao homem-leão”.

- Sobre o bīja kṣraum: é um som seminal do Deus-leão, cuja força reside invoca a superação do medo diante das situações mais obscuras, como também a liberação de energia reprimida e a destruição de poderes demoníacos.

Śrī Nṛsiṃha em toda a sua bondade.

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!

Todas as Glórias à Śrī Śrī 
Nṛsiṁhadeva!

Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,

Yuri D. Wolf

 स्नेह एवोत्तरम् ।
ज्योतिरेव मार्गः ॥
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Templo Polimata Boituva convida a todos a participarem neste sábado 12/05 da comunhão junto a Śrī Nṛsiṁhadeva e junto ao  Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī

 

sábado, 5 de maio de 2018

Livros de Conhecimento: "A erva do Diabo" Carlos Castaneda (1/2)

Reflexão acerca do livro, no original,"The Teachings of Don Juan" (a Erva do Diabo; Carlos Castaneda) - parte I -

Para mi solo recorrer los caminos que tienen corazon, culaquier camino que tenga corazon.
 Por ahi yo recorro, y la unica prueba que vale es atravesar todo largo. Y por ahi yo recorro mirando, mirando, sin alinto.
- DON JUAN


     No livro "A Erva do Diabo" Carlos Castaneda nos trás elementos de sabedoria tradicionais dos povos indígenas da região entre México e EUA, trabalhando entre os reais ensinamentos de xamãs e caminhantes com complemento de uma alegoria ficcional o autor nos apresenta alguns conceitos do uso de ervas de poder, de aliados no caminho da sabedoria, do aperfeiçoamento do ser, entre outros aspectos. Dentre os ensinamentos passados no livro um importante ponto de reflexão é a respeito dos"inimigos naturais do homem de conhecimento" a saber: MedoClareza, (abordados neste primeiro artigo) , Poder, Velhice,(segundo artigo). Em suas explicações o personagem Don Juan nos fala a respeito dos inimigos e como derrota-los:

MEDO: O primeiro dos quatro inimigos, nas palavras de Don Juan: "(...) O Medo! Um inimigo terrível, traiçoeiro, e difícil de vencer. Permanece oculto em todas as voltas do caminho, rondando à espreita. E se o homem, apavorado com sua presença foge, seu inimigo terá posto um fim à sua busca.". 
    Em outra passagem ele nos conta de onde surge esse medo: "- Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga.Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem." ele continua no verso a seguir, "Devagar, ele começa a aprender... a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes.E logo seus pensamentos entram em choque. O que aprende nunca é o que ele imaginava, de modo que começa a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. Cada passo da aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem sente começa a crescer impiedosamente, sem ceder.Seu propósito torna-se um campo de batalha." Naturalmente, sem uma força de propósito o caminhante cai, aí reside a prova, vencer o medo para fortalecer o propósito e seguir adiante.
   O autor, através das palavras do xamã também nos dá a indicação do caminho para vencer os inimigos, no caso do medo ele diz: "- (...) Não deve fugir. Deve desafiar o medo, e, a despeito dele, deve dar o passo seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve parar. É esta a regra! E o momento chegará em que seu primeiro inimigo recua. O homem começa a se sentir seguro de si. Seu propósito torna-se mais forte. Aprender não é mais uma tarefa aterradora. Quando chega esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar que derrotou seu primeiro inimigo natural.".

    Ao dominar seu primeiro inimigo o homem fica livre dele, adquiri a clareza, a clareza de espirito que apaga o medo, um momento feliz onde o discípulo conhece seus reais desejos, sabe como satisfaze-los, com o propósito fortalecido e confiante acerca dos mistérios ele encontra seu segundo inimigo:

CLAREZAO segundo inimigo natural, ou segundo grande desafio que o discípulo deve superar vem quase como uma consequência a primeira vitória, afinal, clareza de mais pode nos cegar, a respeito disso Don Juan nos fala: "( a clareza) Obriga o homem a nunca duvidar de si. Dá-lhe a segurança de que ele pode fazer o que bem entender, pois ele vê tudo claramente. E ele é corajoso porque é claro e não pára diante de nada porque é claro. Se o homem sucumbir a esse poder de faz-de-conta, sucumbiu a seu segundo inimigo, (...).Vai precipitar-se quando deveria ser paciente, ou vai ser paciente quando devia precipitar-se. (...)."
    Caso o aprendiz seja derrotado nesta etapa ele nunca volta ao medo, sua clareza não se dissipará seu conhecimento ficará estagnado e ele incapaz de aprender novas coisas e nem desejará por novos patamares, tornar-se-a um bravo guerreiro ou um palhaço porém nunca alcançará a sabedoria de fato.
    Para vencer este desafio nosso interlocutor ensina:"- Tem de fazer o que fez com o medo: tem de desafiar sua clareza e usá-la só para ver, e esperar com paciência e medir com cuidado antes de dar novos passos; deve pensar, acima de tudo, que sua clareza é quase um erro. E virá um momento em que ele compreenderá que sua clareza era apenas um ponto diante de sua vista. E assim ele terá vencido seu segundo inimigo, e estará numa posição em que nada mais poderá prejudicá-lo. Isso não será um engano. Não será um ponto diante da vista. Será o verdadeiro poder."

    Assim em sua longa jornada o caminhante já superou dois grandes obstáculos para chegar ao conhecimento, seu poder está pleno, seus aliados estão a sua ordem, não vê mais o ponto diante dos olhos, não existem obstáculos para nada  tem uma compreensão e uma ação em diversas esferas da vida, sua força esta nas alturas... mas aí ele se depara com o mais forte dos inimigos...o PODER.
    
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*** Postado originalmente por Raony Dubas da SIlva em Floresta em Paz , blog de xamanismo***