segunda-feira, 30 de abril de 2018

Agenda Templo Polimata Boituva - Maio

Templo Polimata Boituva carinhosamente anuncia a agenda referente a Maio 2018:

05/05 - Sábado
19h - Ritual de Uni - Xamanismo

06/05 Domingo
08h - Kambô

12/05 - Sábado
19h - Satsanga Védico a Sri Narasimha

13/05 - Domingo
8h - Kambô
15H -Roda de Miração com Victor Veiga

19/05 - Sábado
19h - Yagé Orixás a Oxumaré

20/05 - Domingo
8h - Kambô

26/05 - Sábado
19h - Voo do Condor - Xamanismo

27/05 -Domingo
8h - Kambô 






segunda-feira, 23 de abril de 2018

Louvor aos Orixás - Ogum


OGUM


            Ogum, orixá oriundo da mitologia iorubá, é muito mais do que regente dos caminhos e aplicador de lei. Sua vasta atuação encontra terreno fértil em diversos cultos para semear o caminho de guerreiro no coração de seus devotos e admiradores. Desde a sua adoração em cultos antigos até o presente momento de evolução, dificilmente aparece dissociado de sua espada e escudo. Relacionado à forja do ferro e à guerra, irmão de Exu e Oxóssi, é o senhor das próprias armas e caminhos, exalando postura tradicionalmente marcial e isenta de temores ou covardias.
            Ogum é a representação da própria força em equilíbrio com a inteligência, estratégico e destemido, corajoso e voraz pelo domínio de si próprio. Sua vibração está ligada, por motivos culturais, ao poder de libertação e proteção que essa manifestação divina é capaz de conceder a quem tem fé, simbolizadas pelos já citados escudo e espada ou lança. Sincretizado com São Jorge e também com Santo Antônio, está sempre relacionado à batalhas e vitória sobre demandas, à escolta e ronda na luz e ao serviço devocional dos filhos de fé.
            Seu sincretismo com São Jorge exibe simbologia bastante pertinente ao posicioná-lo em domínio de seu cavalo com suas armas na mão. Acontece que o cavalo é associado, na psique humana, aos sentidos e impulsos animais do homem. O cavalo, quando cavalgando na escuridão, tem a visão noturna muito mais aguçada que o homem mas, quando a luz irradia, é o homem quem enxerga melhor do que o cavalo e assim o domina. Por esse motivo, São Jorge faz também sua morada na Lua, sendo a faceta que reflete a luz do Grande Sol e ilumina a terra em sua faceta de escuridão.

O mesmo acontece com aquele que se irradia sob a luz desse orixá e é igualmente valente o suficiente para ser conduzido por Ele pelas encruzilhadas e caminhos internos a fim de vencer os próprios impulsos de baixa frequência.
            Ao se trabalhar na vibração de Ogum, somos chamados a atender uma guerra interna que pode se manifestar sob diversos prismas e que tem por fim aumentar nosso grau de elevação sob nossas limitações espirituais, materiais, mentais e emocionais. Ogum conduz sempre à vitória pois está amparado no Pai Maior e nos traz, ao mesmo tempo, sensação de coragem e fé que nos impulsiona para tais batalhas sem medo e com garantia de sucesso de nossa luz sob as trevas.
            Antes mesmo de lutar, Ogum já venceu. E assim são também seus filhos e protegidos, livres de receios e amparados pela luz. Batalham com coração, mente e olhar fixos nos princípios divinos e com fé e convicção de que, no fundo, não há derrotas a serem temidas para quem age de acordo com a lei do Criador. Ogum é a manifestação maior do Guerreiro que venceu a maior de todas as demandas – sua natureza e impulsos egóicos -  e, por consequência, assim derruba todas os outras juntas através da servidão prestada junto ao Pai Divino.
***Texto Escrito por: Beatriz Mazzini (Bia) - Membra Clã do Camaleão - IP-Campinas para o blog da ordem polimata***


quinta-feira, 12 de abril de 2018

ॐ Hanumān Jayanti - Satsaṅga ao Devoto Invencível

(texto originalmente postado em Ashram do Acarya por Yuri D. Wolf , membro do clã do camaleão Mairiporã e comandante da cadeira de hinduísmo)

Todas as Glórias à śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!

Todas as Glórias à śrī Mahādeva!

Todas as Glórias à śrī Bhagavan!

Todas as Glórias à śrī Śakti Devī!

Todas as Glórias à śrī śrī Hanumān!



Ś Āñjaneya.


हनुमान्स्तवन​

hanumānstavana

मनोजवं मारुततुल्यवेगं जितेन्द्रियं बुद्धिमतां वरिष्ठ ।
वातात्मजं वानरयूथमुख्यं श्रीरामदूतं शरणं प्रपद्ये ॥

manojavaṃ mārutatulyavegaṃ jitendriyaṃ buddhimatāṃ variṣṭha 
vātātmajaṃ vānarayūthamukhyaṃ śrīrāmadūtaṃ śaraṇaṃ prapadye 

Rendo-me à śrī Hanumān, que é rápido como a mente – conquistando os sentidos –  e como o vento, Supremo dentre todos os seres inteligentes.
Filho do Vento, Comandante das criaturas da floresta, mensageiro de śrī Rāma, refugio-me em Seus pés.

Neste mês de abril, no Templo Polimata, celebraremos o auspicioso festival Hanumān Jayanti em nosso Satsaṅga. Trata-se do advento (aparecimento) de Śrī Hanumān, o altíssimo deus-macaco do hinduísmo.

Śrī Hanumān (श्री हनुमान्) é uma Deidade riquíssima e complexa,que possui qualidades bastante diversificadas, as quais permitem-no transcender as divisões sectárias dentre as tradições indianas, fazendo-se presente até em textos budistas e jainistas.

É filho de Añjanā, uma apsarā, espírito feminino das nuvens e das águas, o que lhe rende o nome de Āñjaneya. Do lado paterno, temKesari – comandante do exército dos Vānaras, uma raça de símios superdesenvolvidos – como seu benfeitor. Porém, também possui associação junto à śrī Vāyudeva, o deus do vento, que o trouxe ao ventre de sua mãe; e à śrī Śiva, do qual é considerado, por algumas tradições, como sua a décima primeira encarnação.

O Senhor Vāyu, ou Māruta, o vento personificado, combina força e intangibilidade. É eloquente, erudito e um perito na ciência da linguagem, conhecido por guiar grandes almas para o caminho da sabedoria. Tais características manifestam-se igualmente em seu filho, que também é chamado de Vāyuputra (“o filho de Vāyu”).

Face ao Senhor Śiva, que é, ao mesmo tempo, um e muitos, a relação é baseada em Rudra (“o uivador”), uma personalidade “sombria” de śrī Mahādeva, retratada com maior enfoque nos Vedas. Faz referência, especificamente, ao seu comando sobre duas raças: os mārutas (espíritos do ar que vagam por todo o espaço acompanhando-o), e os próprios rudras (entidades que emanam do “deus irado”, dotados de forma animal e detentores de grande poder destrutivo, associados ao papel de śrī Naṭarāja como “Senhor dos Bhūtas” – fantastamas).

Desta forma, śrī Hanumān apresenta-se como um ser polivalente. Em uma passagem do Ṛgveda (10.86), há um diálogo entre o Senhor Indra – rei dos deuses do período védico – e sua consorte, em que é revelada a existência de um "macaco viril", (vṛṣākapi), que teria maculado o elixir soma – um composto ritualístico alucinógeno – do Senhor da Tempestade. Tal macaco é, posteriormente, ligado a uma das onze formas de śrī Rudra, conforme citado acima, e também tem seu nome citado como um dos mil e oito nomes de śrī Viṣṇu.

Outro exemplo de sua versatilidade é o fato de que seu nome pode ser interpretado de duas maneiras diferentes.

Na etimologia sânscrita, o nome Hanumān é composto por dois termos, hanu + mān. A primeira interpretação pode ser livremente traduzida como “Aquele que possui (mān) a mandíbula proeminente, desfigurada (hanu)”, evocando-O como um ser de capacidades fenomenais e caráter heroico (vīra).

Para tal, considera-se, principalmente, o famoso episódio em que nosso herói, ainda criança, foi duramente golpeado por um raio vindo do Senhor Indra, enquanto tentava abocanhar o Sol, ao confundi-lo com uma manga. Este, śrī Sūryadeva, posteriormente se tornaria seu guru.

O Senhor Indra e o pequeno Hanumān.

Dentro da cultura vasta hindu, tal aspecto da personalidade de śrī Mahāvīra (“o grande herói”), pode ser enquadrado na perspectiva śivaíta, enquanto uma encarnação (ou porção, ”aṃśa”) do próprio Senhor Rudra (Rudrātmaka), que manifesta a qualidade śakti (“energia”, “potência”) através de seus poderes yóguicos, de suas habilidades com ervas e de seus atributos vorazes de guerreiro invencível.

A segunda interpretação, menos comum, ainda que também etimologicamente menos precisa, se faz igualmente apropriada. Assim,
traduz livremente Seu nome como “Aquele cujo orgulho próprio (māna) foi destruído (han)”, e retrata, principalmente, seu serviço devocional altruísta e despretensioso aos pés de śrī Sītārāma.

Esta personalidade de Śrī Rāmadūta (“o embaixador do Senhor Rāma”) também posiciona-o como uma manifestação de śrī Mahādeva, com as mesmas qualidades, porém sob a perspectiva vaiṣṇava, mais difundida no ocidente, manifestando, principalmente, a qualidade dāsa (“servo”).

Assim, é através desta ótica vaiṣṇava, que o Rāmāyaṇa, um dos mais famosos épicos da cultura hindu,  apresenta nosso herói: uma encarnação de Śrī Śiva que manifesta-Se na Terra durante o período de śrī Rāma – uma das encarnações de śrī Viṣṇu – para auxiliá-lo em suas tarefas.

Em sua infância, nosso herói recebeu inúmeros poderes dos devas após o episódio envolvendo o Senhor Indra e seu raio, mencionado anteriormente. Neste, śrī Vāyu recolhe-se em uma caverna com o filho ferido em seus braços, retirando-se da atmosfera e asfixiando o cosmos, demandando retratação por parte de seus colegas celestiais.

Assim, diversas bênçãos foram concedidas ao garoto. As principais foram:

·      de śrī Brahmā: viver tanto quanto Brahmā;
·      de śrī Viṣṇu: viver toda a sua vida como o maior devoto de Deus;
·      de śrī Indra: jamais ser ferido por ou tocado por arma alguma;
·      de śrī Agni: não ser afetado pelo fogo;
·      de śrī Kāla: jamais ser cortejado pela morte;
·      de todos os Devas: jamais ser igualado em força e velocidade por nenhum outro ser.

Mais adiante, śrī Yogin (“o meditador”) também conquistou os oito poderes yóguicos, (siddhis) que também o torna um ícone dentro do misticismo tântrico. São:
1.    Aṇimā: habilidade de reduzir seu tamanho indefinidamente;
2.    Mahima: habilidade de aumentar seu tamanho indefinidamente;
3.    Garima: habilidade de aumentar seu peso indefinidamente;
4.    Laghima: Habilidade de diminuir seu peso indefinidamente;
5.    Prāpti: habilidade de obter qualquer coisa em qualquer lugar;
6.    Prākāmya: habilidade de realizar todos os seus sonhos e desejos;
7.    Iṣiṭva: domínio sobre a toda a criação;
8.    Vaśitva: controle sobre as coisas, especialmente a manifestação física.

Dotado de um temperamento muito travesso, o jovem Hanumān abusava de seus poderes e importunava os santos que habitavam a floresta. Assim, recebeu uma maldição de Śrī Brahmā que o fez esquecer de seus poderes, só recobrando-os quando mais maduro.

O jovem Hanumān tumultuando a vida dos santos.

Posteriormente, conheceu śrī Rāma e śrī Lakṣmaṇa, quando estes inquiriam a ajuda de Sugrīva, rei dos Vānaras – de quem śrī Āñjaneya era ministro – para ajuda-lo em sua busca por śrī Sītā, que havia sido raptada pelo terrível Rāvaṇa, rei de Laṅkā.

Rāvaṇa era um āsura (demônio) cujas ações hediondas provocaram um grande desequilíbrio cósmico, que demandou a intervenção de śrī Viṣṇu em nosso plano através de uma encarnação divina (avatāra).

Cumprindo seus deveres com absoluta determinação, pleno em amor incondicional, valendo-se de seu discurso perfeito e de seus poderes místicos, encontrou o cativeiro de  śrī Sitā, ateou fogo na cidade de Laṅkā, guiou o Senhor Rāma e o exército da floresta para o confronto final com Rāvaṇāsura e também salvou o Senhor Lakṣmaṇa da morte certa ao transportar uma montanha inteira.

Śrī Hanumān incendiando a cidade de Laṅkā.

Śrī Sañjīvananagāhartraḥ, aquele  que porta a montanha que contém a planta sañjīvanī.

Após a passagem de śrī Rāma por este planeta, śrī Hanumān escolheu manter-se aqui, zelando pelos devotos e se fazendo presente todas as vezes que as glórias de seu Senhor forem contadas. Ademais, śrī Pārthadhvajāgrasaṃvāsin (“Aquele que está no topo da bandeira de Pārtha” – que um dos nomes de Arjuna) também foi fiel à śrī Kṛṣṇa, servindo aos Pāṇḍavas na Batalha de Kurukṣetra.

Śrī Hanumān exibindo śrī Sītārāma em seu coração.

Detentor de intermináveis qualidades, śrī Surārcita (“Aquele que é adorado pelos seres celestiais”) é, atualmente, uma das Deidades mais populares da Índia.

Assim, sua polivalência conquista uma sorte devotos bastante variada, que buscam sob sua graça também variadas bênçãos.

Seu hino mais famoso é o Hanumān Cālīsā, com 40 versos, dentre os quais destaca-se neste contexto:दुर्गम काज जगत के जेते 
सुगम अनुग्रह तुम्हरे तेते॥२०॥

durgama kāja jagata ke jete 

sugama anugraha tumhare tete 
 20 

"todas as inalcançáveis tarefas do mundo tornam-se facilmente alcançáveis por Sua graça".

O Todo-Poderoso śrī Hanumān é conhecido por nunca ter perdido uma batalha. Assim é, pois serve à Deus e ao Dharma desinteressadamente, sem apegos e desejos do ego, simplesmente porque este é o seu dever.

É considerado personificação do devoto (bhakta) e do guerreiro perfeitos, símbolo de lealdade, força e perseverança infinitas, representando o sacrifício (tapas) e a castidade (brahmacarya). 

Desta forma, śrī Tatvajñānaprada (“Aquele que concede a sabedoria“) nos ensina que todas as batalhas de nossa caminhada devem ser enfrentadas com amor no coração. Sua mensagem é a de que a vitória já é certa quando lutamos com determinação, e que as dificuldades que surgem em nosso caminho são ferramentas de aprendizado que fortalecem e edificam o nosso Ser.

Por fim, nosso herói continua vivo ainda hoje e é aceito por diversos santos, como Satya Sai Baba, como a Deidade presidente (iṣṭadeva) do processo transcendental da consciência nesta era de baixos padrões éticos e morais (kaliyuga).

Invocações mântricas para o ritual
श्रीहनुमान् गायत्री
śrī hanumān gāyatrī (mantra de invocação) आन्जनेयाय विद्महे
वायुपुत्राय धीमहि 
तन्नो हनुमाते प्रचोदयात् 
 ānjaneyāya vidmahe
vāyuputrāya dhīmahi 
tanno hanumāte pracodayāt 


"Contemplamos Aquele que é filho de Añjanā.
Meditamos por compreensão n’Aquele que é o filho do deus do Vento.
Reverenciamo-nos Àquele que possui a mandíbula proeminente/que matou o orgulho próprio, para que nos ilumine com sabedoria".
बीजमन्त्र
bījamantra (mantra de repetição)ॐ हं हनुमाते नमः 
au ha hanumāte nama

"Reverencio-me Àquele que tem a mandíbula proeminente/Àquele que destruiu o orgulho próprio"

Obs.: sobre o bīja ha: referente ao viśuddhacakra (laríngeo), que comanda a comunicação e a respiração. De força solar, este mantra seminal também trabalha o ego.


Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!

Todas as Glórias à Śrī Śrī Hanumān!

Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,
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Neste Sábado dia 14/04, o Templo Polimata Boituva convida a todos a celebrar a comunhão com nosso mestre Śrī Hanumān e o hasteamento da bandeira do Invencível devoto em nosso solo sagrado.